• Opinião

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    Editorial: Examinar os médicos

    27/01/2014 03h00

    São desoladores os resultados do exame de proficiência aplicado aos estudantes que se formaram em 2013 nas faculdades de medicina do Estado de São Paulo.

    Quase 60% dos 2.843 futuros profissionais submetidos ao teste revelaram-se incapazes de acertar pelo menos 3 a cada 5 questões de múltipla escolha propostas pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) e foram, por isso, reprovados.

    A situação das instituições privadas é especialmente preocupante. Enquanto o índice de reprovação nas faculdades públicas foi de 34%, nas particulares –onde está a maioria dos alunos– nada menos que 71% não conseguiram ter desempenho satisfatório.

    Infelizmente, não há nenhuma novidade nesses números. Desde 2005, quando o conselho profissional paulista começou a aplicar o exame, repete-se o padrão pífio, sem sinais de evolução.

    Resta evidente, e de forma categórica, a precariedade dos cursos de medicina, mas este nem é o pior aspecto desse quadro. Mais grave é o fato de que os recém-formados, mesmo reprovados, não são impedidos de exercer a medicina.

    Embora a prova do Cremesp seja obrigatória desde 2012, o candidato não precisa ser aprovado. Basta comprovar sua participação no teste para obter o registro profissional, sendo considerado, no mais das vezes de um ponto de vista puramente burocrático, apto a prestar atendimento à população.

    O próprio Cremesp reconhece o absurdo desse modelo em que médicos com comprovadas deficiências na formação são autorizados a atuar na área da saúde. Desnecessário lembrar que os prejuízos causados por equívocos nesse campo podem ser irreparáveis.

    A questão, todavia, só pode ser resolvida por meio de legislação federal. Está além, portanto, da competência do conselho estadual paulista –que, além de ser favorável à obrigatoriedade de aprovação no teste como precondição para o ingresso na carreira médica, é o único que avalia os formandos.

    Eis por que esta Folha defende a aprovação, pelo Congresso, de verdadeiro exame nacional de habilitação para a medicina. Por razões óbvias, os reprovados não deveriam ser admitidos na profissão. A segurança e a saúde da população, é isso o que está em jogo.

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