• Opinião

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    Carlos Alberto Faraco: O Instituto Internacional da Língua Portuguesa

    14/07/2014 02h00

    O português é uma língua em franca expansão no cenário internacional: vem crescendo o número de seus falantes como primeira e segunda língua e como língua estrangeira.

    Mas não podemos dormir no ponto. A conjuntura favorável exige políticas articuladas e investimentos consistentes na promoção da nossa língua.

    O Brasil não está ausente dessa promoção. Temos um bom exame de proficiência –a Certificação de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (Celpe-Bras)– e o Itamaraty mantém no exterior uma rede de centros de estudos e de leitorados universitários. Não temos tido, porém, condições de atender à crescente demanda. Nos falta um orçamento melhor.

    Para continuar a conquistar espaço, o português precisa também de iniciativas conjuntas dos países que o tem como língua oficial. O instrumento para essas ações multilaterais é o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), órgão da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

    Criado em 1989 na primeira reunião dos chefes de Estado dos países que adotam o português como língua oficial, o IILP é o fórum para a gestão de todos os aspectos da língua.

    Em 2010 e 2013, a CPLP realizou conferências internacionais sobre o futuro do idioma. Delas emergiram dois planos de ação que orientam a sua promoção multilateral, estimulando seu ensino, sua presença nos organismos internacionais, na internet e nas atividades científicas, além de difundir a produção criativa em português.

    Cabe ao IILP a tarefa de fomentar a realização dessas metas. Infelizmente, contudo, o instituto passou 20 anos em estado falimentar. Só em 2010, no Plano de Ação de Brasília, foram dados passos efetivos para consolidá-lo.

    A atual direção do instituto, apesar de continuar a sofrer com problemas financeiros (o Brasil, por exemplo, está com três anuidades atrasadas), conseguiu estimular a criação das comissões nacionais em todos os países da CPLP e pôde viabilizar algumas das metas que lhe foram atribuídas.

    Vale mencionar a construção do Portal do Professor de Português Língua Estrangeira, plataforma virtual que oferece gratuitamente recursos didáticos produzidos por equipes de cada um dos países da CPLP. O projeto incorpora a diversidade do português sem descurar de sua unidade.

    Outra iniciativa é o Vocabulário Ortográfico Comum (VOC), previsto no acordo ortográfico de 1990. Para sua execução, o IILP assinou um convênio com o Instituto de Linguística Teórica e Computacional da Universidade de Lisboa e com a Universidade Federal de São Carlos, além de constituir uma equipe de consultores dos países da CPLP. O projeto recebeu apoio financeiro do governo de Angola e do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua (Portugal).

    O VOC conseguiu, pela primeira vez na história da língua, unir em uma só plataforma todas as bases léxico-ortográficas portuguesas e brasileiras. Só isso é um magno acontecimento. Há, contudo, mais: o projeto promove a elaboração de vocabulários ortográficos nacionais. O de Moçambique e o do Timor-Leste estão prontos, e os demais em andamento.

    Com o VOC, teremos não só uma referência comum e segura da ortografia, mas também novos acervos que permitirão enriquecer os dicionários da língua.

    A gestão da ortografia é apenas uma das muitas tarefas que cabem ao IILP. Sua consolidação, meta claramente assumida pela CPLP, contribuirá significativamente para garantir o futuro do português no cenário mundial.

    CARLOS ALBERTO FARACO, 64, professor titular aposentado de língua portuguesa da Universidade Federal do Paraná, é coordenador da Comissão Nacional Brasileira do IILP/CPLP

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