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    Editorial: Sanção e pacificação

    31/07/2014 01h30

    Foi na expectativa de induzir o presidente Vladimir Putin a se engajar num processo de construção de paz na Ucrânia que a União Europeia e os Estados Unidos divulgaram na terça-feira (29) novas sanções econômicas à Rússia. O pacote de medidas tem sido considerado o mais duro desde o fim da Guerra Fria, na década de 1990.

    Antes reticentes diante da diminuição do comércio bilateral e da possível retaliação via preços do gás natural russo, os países europeus tornaram-se resolutos após o abate, no dia 17, de um avião comercial que transportava 298 civis. Ao que tudo indica, obra de um míssil disparado por milícias apoiadas pelo Kremlin.

    Nos dias que se seguiram à tragédia, líderes ocidentais nutriam esperança de que Putin usasse sua influência sobre os rebeldes para garantir o acesso de investigadores internacionais ao local dos destroços. Imaginavam, ainda, que o autocrata suspendesse o fornecimento de armas aos separatistas. Nada disso aconteceu.

    Mantido o cenário de tensão, EUA e UE optaram por iniciativas mais severas. Com as novas restrições, serão afetados setores de grande relevância para a economia russa, como defesa, energia e mercado financeiro.

    Grandes bancos estatais não poderão buscar financiamento de médio e longo prazo com instituições europeias e americanas. Fica, além disso, proibido o comércio de armas e limitada a venda de materiais que possam ter uso duplo (civil e militar) ou que sejam destinados à indústria petrolífera russa.

    Moscou, como era de esperar, estrilou. Qualificou as sanções como "um passo impensado e irresponsável que conduzirá inevitavelmente a um aumento dos preços [de gás] no mercado europeu"; na represália americana, a Rússia identificou um gesto oportunista ligado à "competição econômica".

    Configura-se atualmente uma situação em que todos os envolvidos perdem. Na própria Ucrânia, a economia registrou queda de 4,7% no segundo trimestre na comparação com o mesmo período de 2013 –nos três primeiros meses deste ano, menos conflituosos, a redução foi de 1,1%. O leste do país, onde se concentram os embates, tem forte presença industrial.

    Potências ocidentais e o governo ucraniano parecem inclinados a investir na paz. Quanto antes a Rússia se convencer disso, melhor para todos, e não por outra razão permanece no horizonte a ameaça de que sanções ainda mais vigorosas sejam impostas.

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