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    Alan Gripp: Racionamento e eleição

    31/07/2014 01h30

    A pergunta de um milhão de dólares em São Paulo faz um bom tempo é: há em curso um racionamento não declarado de água?

    O governo Alckmin (PSDB) jura de pés juntos que não. Na versão oficial, o que há, de fato, é a redução da pressão usada para fazer a água chegar às casas, que pode até provocar interrupções pontuais, mas não resulta necessariamente em cortes.

    Mais: afirma que a restrição no fornecimento não tem objetivo de economizar água, em razão da crise atual, e sim está ligada a um programa para conter vazamentos do sistema, um trabalho de longo prazo. Seria uma forma de aliviar a tubulação, envelhecida e deteriorada.

    Há boas razões, porém, para desconfiar dessas explicações.

    Em toda a região metropolitana de São Paulo, pululam reclamações de falta de água com as mesmas características: anoitece e as torneiras secam. O aumento dessas queixas à mídia coincide com a redução da pressão no período noturno.

    Se o objetivo não é economizar água, por que então a restrição no fornecimento não ocorria no nível atual antes da crise, levando-se em conta que o programa de redução de perdas existe desde 2009?

    As dúvidas ganharam tintas mais carregadas nesta semana a partir da entrevista do diretor da Sabesp Paulo Massato à rádio CBN. Massato negou, claro, a realização de um racionamento informal, mas afirmou que a redução da pressão permite uma "economia fabulosa" de água.

    A pouco mais de dois meses da eleição, Alckmin nada de braçada à frente dos concorrentes ao Palácio dos Bandeirantes. E, neste momento, não há nada que ameace mais a liderança folgada do tucano do que a crise de abastecimento.

    Por tudo isso, é bastante razoável acrescentar outra pergunta, que surgirá inevitavelmente no momento em que o assunto for a debate na campanha: quantos eleitores acreditarão na versão de seu governo para a crise da falta de água?

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