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    Renato Casagrande: Um país em construção

    21/08/2014 02h00

    Ainda perplexos diante da tragédia que roubou do nosso convívio o amigo Eduardo Campos, a mais jovem e ativa liderança política do país, só a partir de agora os brasileiros começam a avaliar as escolhas que irão fazer nas eleições deste ano. Pesquisas, previsões e cálculos encomendados e produzidos até a semana passada perderam a validade, diante dessa nova conjuntura política e de um cenário que sofreu, de um dia para o outro, perda tão dolorosa para o país.

    Com uma soma de ideias, propostas, opções políticas e estratégias inovadoras de crescimento econômico, desenvolvimento social e superação de práticas anacrônicas, Eduardo Campos e Marina Silva denunciaram o primarismo político e a visão estreita e dogmática de certos grupos ainda dominantes.

    Estamos caminhando, agora, para um novo tempo, que modifica não só o cenário político nacional como também afeta diretamente o sentimento dos cidadãos e as escolhas que irão fazer na maioria dos Estados. As primeiras sondagens de opinião pública tendo Marina como candidata a presidente da República sinalizam a direção que essas escolhas vão tomar.

    O que os brasileiros estão dizendo é que já estão cansados dos pequenos e emplumados caciques regionais, que sempre abusaram do discurso vazio e do populismo anacrônico. O que a leitura das intenções de voto em Marina nos diz é que não há mais lugar, neste país, para a astúcia, a má-fé, a arrogância e a impunidade dos pequenos e dos grandes coronéis, mesmo daqueles que se apresentam em versão aparentemente modernizada. São heranças de um passado que precisamos e iremos varrer, definitivamente, do cenário político nacional.

    Esse é o sentimento dominante no país, às vésperas de uma eleição que abre caminho para o futuro e nos permite promover a reconstrução e a limpeza ética dos partidos políticos.

    O encontro de Eduardo Campos com Marina Silva não foi um acordo de ocasião, mas uma aliança estratégica, voltada para o futuro do país e de cada Estado. Aliança contra os negócios escusos, o velho populismo e os compromissos inconfessáveis. Mais conscientes do que nunca, os brasileiros rejeitam os vícios do passado e querem trilhar novos caminhos, próprios de um país que anseia por modernidade, inteligência estratégica, honestidade e governança responsável.

    São árduas as tarefas a cumprir, ao longo dos próximos anos, nos municípios, nos Estados e no conjunto do país, porque a luta política não é uma corrida que acaba na linha de chegada, nem jogo que se decide com espertezas e muito menos "caixinha de surpresas" manipulada por mágicos improvisados. A luta política que nos espera é uma opção radical contra o engano e a ilusão, o conto de fadas, o personalismo autoritário, a improvisação de sucessores, a compra de aliados, a chantagem e a ameaça direta ou indireta aos adversários.

    Entendo que a melhor proposta para nosso tempo é reconhecer e legitimar uma nova realidade política, nacional e regional, incorporar os objetivos compartilhados pela população e adotar, em todo o país, um diálogo entre o povo e as lideranças autênticas, comprometidas com a população, e não com os vícios do passado.

    Esse foi o sonho que impulsionou Eduardo Campos. E esse é, sem dúvida, o objetivo que move a candidatura de Marina Silva, agora tendo como vice o deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS). Candidatura que renova em todos nós a certeza de que podemos identificar e trilhar, com firmeza e competência, novos caminhos que nos levem a um futuro de prosperidade, respeito e dignidade para os brasileiros de todas as regiões.

    RENATO CASAGRANDE, 53, é governador do Espírito Santo e secretário-geral do PSB

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