• Opinião

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    Editorial: Nova polarização

    02/09/2014 01h30

    Por força da profissionalização das campanhas, debates entre postulantes a cargos públicos de relevo com frequência se resumem a conhecidas fórmulas capazes de anular confrontos reais entre os candidatos. Por força das circunstâncias, contudo, nem sempre se restringem a exibir mais do mesmo.

    Exemplo disso foi o encontro promovido ontem por esta Folha, pelo portal UOL, pela TV SBT e pela rádio Jovem Pan. Os aspirantes a presidente estavam, é claro, treinados na arte de sair pela tangente, mas a própria conjuntura se encarregou de trazer ao centro do palco um enfrentamento que hoje interessa à maioria dos eleitores.

    Dirigindo-se a Marina Silva logo na primeira pergunta, a presidente Dilma Rousseff tirou da bainha suas armas contra a nova adversária. À petista interessava sugerir que a candidata do PSB não diz, de forma concreta, como transformará seus sonhos em realidade, dado o alto custo das propostas.

    Trata-se, retrucou Marina, de melhorar a eficiência da máquina pública e a qualidade dos gastos, "fazendo as escolhas corretas" ao aplicar o dinheiro do contribuinte.

    A discussão, no entanto, não se aprofundou mais do que isso. Engessados por regras impostas pelos próprios candidatos, debates desse tipo oferecem pouco tempo para o desenvolvimento das ideias.

    É uma pena que seja assim. Segundo pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira passada, Dilma e Marina, empatadas em primeiro lugar, concentram dois terços das intenções de voto. Seria oportuno que tivessem mais espaço para evidenciar suas diferenças.

    Constituiu novidade, de todo modo, que ambas tenham polarizado o encontro de ontem, no qual Aécio Neves (PSDB), com 15% das preferências, ficou em segundo plano. Na terça-feira passada, em evento realizado pela Rede Bandeirantes, o tucano ainda aparecia como principal opositor de Dilma.

    Aos chamados nanicos coube os papéis de sempre. Protegidos pela legislação –devem ser convidados candidatos cujos partidos têm representação na Câmara dos Deputados–, também participaram Pastor Everaldo (PSC), Eduardo Jorge (PV), Luciana Genro (PSOL) e Levy Fidelix (PRTB).

    Com todas as suas limitações, o debate teve o mérito de captar com clareza o novo espírito da disputa, em que o PSDB, ao menos por ora, não figura como protagonista. Ao eleitor interessa acumular o maior número de informações para decidir seu voto, e os debates, bem ou mal, permitem menos artificialismo do que as peças publicitárias.

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