• Opinião

    Wednesday, 01-May-2024 22:20:49 -03

    Editorial: Segurança de cinema

    17/09/2014 02h00

    É uma lástima que os brasileiros não possam viver no mundo encantado da propaganda eleitoral, em especial aquela veiculada por governantes que disputam reeleição.

    Enquanto no Brasil da presidente Dilma Rousseff (PT) não há problemas econômicos e uma trabalhadora rural ganha prótese dentária e melhorias em sua casa para aparecer na TV, na São Paulo de Geraldo Alckmin (PSDB) a segurança pública, área particularmente vulnerável da atual gestão, lembra um filme de ficção futurista.

    Na hollywoodiana publicidade do governador, os paulistas conhecem o Detecta, um sistema de câmeras de vigilância capaz de interligar os arquivos da polícia e apontar, em tempo real, pessoas que estariam prestes a cometer um crime.

    A propaganda afirma que a ferramenta já foi oficialmente entregue no mês passado. Para explicar seu funcionamento, a campanha tucana mostra um rapaz com capacete de motoqueiro aproximando-se da porta de um imóvel.

    Diante da atitude suspeita, reconhecida por uma câmera, o Detecta emite uma mensagem para a central de controle da polícia e levanta o histórico criminal do local. Uma patrulha, então, é acionada por meio de um tablet.

    O sistema começou a ser desenvolvido em 2009, numa parceria entre a polícia de Nova York e a Microsoft. Implantado em 2012, seu objetivo primordial é prevenir o terrorismo. Programado para reconhecer certos padrões de conduta, pode, por exemplo, alertar sobre um pacote suspeito numa área movimentada da cidade.

    Seu uso pode se estender ao combate a outros crimes, mas para isso são necessários alguns requisitos. Primeiro, é preciso configurar o Detecta para reconhecer os padrões de criminalidade locais –o que ainda não se fez. Depois, é fundamental contar com um banco de dados confiável –e a própria Secretaria da Segurança reconhece falhas no registro de ocorrências.

    Por fim, é indispensável uma boa conexão de internet, sem o que as informações em tempo real não podem ser acessadas. Qualquer usuário de dispositivos móveis em São Paulo conhece bem a precariedade do sinal.

    Não são obstáculos triviais, mas podem, em tese, ser superados para tornar o Detecta um instrumento efetivo de auxílio à polícia.

    Por ora, contudo, ele só funciona na propaganda eleitoral.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024