• Opinião

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    Editorial: Futuro incerto

    22/10/2014 02h00

    Pesquisa Datafolha publicada na segunda-feira (20) buscou medir o impacto da crise hídrica sobre a cidade de São Paulo.

    A conclusão é que os cortes de água generalizam-se na capital: 60% dos entrevistados relatam ter sofrido sofrido ao menos um episódio nos últimos 30 dias. Nas pesquisas anteriores, em junho e agosto, os índices foram de 35% e 46%, respectivamente.

    O levantamento mostra também que os paulistanos estão pessimistas em relação ao futuro: 88% deles creem que a metrópole corre grande risco de ficar longos períodos sem água nos próximos meses.

    Disseminou-se a percepção de que a situação é grave, e não surpreende que 66% da população cogite recorrer à estocagem daqui para a frente. Em agosto, 34% dos entrevistados mencionavam o expediente como uma possibilidade.

    Essa iniciativa traz alguns perigos. O armazenamento inadequado, por exemplo em recipientes não esterilizados, pode levar à contaminação da água por bactérias, ocasionando prejuízo à saúde dos que vierem a consumi-la.

    Mais grave, com a proximidade do verão, estação em que costuma se verificar aumento do número de casos de dengue, os reservatórios em casas e apartamentos podem servir de nascedouro para o mosquito transmissor da doença.

    Espera-se que o governo de Geraldo Alckmin (PSDB), que tem sido evasivo em relação à segurança hídrica, esteja atento ao menos para esses riscos colaterais. Campanhas de esclarecimento, ao que tudo indica, não deixarão de ser necessárias no curto prazo.

    A primeira cota do volume morto (água que fica abaixo da faixa de captação) do sistema Cantareira chegou a 3,3% da capacidade de armazenamento. O ritmo de chuvas está bem abaixo da média. Transcorridos mais de dois terços de outubro, a pluviometria acumulada é de apenas 19% do que seria normal para o mês inteiro.

    Em debate na Assembleia Legislativa de São Paulo, o diretor-presidente da Agência Nacional de Águas, Vicente Andreu, se referiu ao uso da segunda cota do volume morto como uma "pré-tragédia".

    O governador Geraldo Alckmin, por sua vez, sustenta que o abastecimento está garantido pelos próximos meses e acena agora com a existência de uma terceira reserva técnica, desconhecida até então. Se é tudo o que tem a oferecer, parece pouco diante da pior estiagem de que se tem notícia no Estado.

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