• Opinião

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    Editorial: Cúmplices da violência

    01/11/2014 02h00

    No dia 19 de outubro, uma pessoa morreu e quatro ficaram feridas num conflito entre torcedores de Santos e Palmeiras na via Anchieta, que liga São Paulo ao litoral. Membros da Mancha Alviverde, segundo a Polícia Militar, atacaram dois ônibus que conduziam integrantes da Torcida Jovem santista.

    Em setembro, no Itaquerão, o confronto ocorreu entre apoiadores do Corinthians. Uma facção reunida sob o sugestivo nome Pavilhão 9 –referência ao palco da chacina do Carandiru– enfrentou, dentro da arena do time, os associados da Camisa 12. Dois aspectos se destacam nessa trágica realidade. O primeiro diz respeito à atuação da polícia e da Justiça; o segundo refere-se ao papel dos próprios clubes.

    Os esforços para coibir conflitos por aqui têm sido em grande parte infrutíferos. Diferentemente do que ocorreu em países europeus que reduziram a violência nos estádios, no Brasil falha-se em identificar arruaceiros e em impedi-los de ir às partidas de futebol.

    Para isso contribui a cumplicidade de dirigentes com as torcidas organizadas. Por mais que promovam distúrbios, agressões e invasões de sedes de clubes, tais facções continuam a ser tratadas com inaceitável complacência.

    É sugestivo, quanto a isso, o caso do Itaquerão. Entre os promotores da briga estava um dos 12 corintianos presos em 2013 em Oruro, na Bolívia, responsabilizados pela morte de um garoto durante partida da Copa Libertadores.

    Se, no caso boliviano, o Corinthians prestou auxílio aos envolvidos, agora resolveu agir de outra forma. Punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva com multa de R$ 50 mil e perda de um mando de campo como consequência da briga de setembro, o clube quer processar o arruaceiro.

    Ainda que todo ceticismo seja pouco, convém reconhecer os méritos da iniciativa. Se os clubes não deixarem de apoiar essas facções travestidas de torcida, será muito mais difícil afastar os baderneiros dos estádios e de suas redondezas.

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