• Opinião

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    José Ermírio de Moraes Neto: Competitividade e desenvolvimento local

    15/12/2014 02h00

    Aumentar a competitividade do Brasil no mercado mundial é um desafio que une a todos os segmentos da economia nacional. Mais do que isso, é um esforço que precisa ser realizado em conjunto pelas empresas privadas e pelo setor público.

    Os novos governos estaduais e federal podem agregar a revigorante energia do voto, que se traduz em força transformadora e que pode ser decisiva nos passos importantes que o país –governo, empresas e a sociedade civil– precisa dar para superar esse crônico problema.

    De fato, no ranking global de competitividade do Banco Mundial, o Brasil aparece atrás de países como Paraguai, Gana e Marrocos. É a constatação de uma realidade que enfrentamos todos os dias e que tanto compromete o nosso país no contexto global. Essa matemática tem forte impacto sobre os negócios, principalmente sobre o setor industrial, que disputa espaço nos mercados internacionais.

    No Grupo Votorantim, devido à natureza das nossas atividades, enfrentamos o desafio de operar e crescer em regiões de difícil acesso, com IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) abaixo da média brasileira, geralmente carentes de serviços públicos e de mão de obra qualificada.

    Dos R$ 61,5 milhões investidos pelo Grupo Votorantim no campo social em 2013, a maior parcela foi empregada nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, quase sempre em pequenos municípios. Encaramos essa realidade com responsabilidade e acreditando no futuro do país, característica que marca os quase cem anos de nossa atuação.

    Nos últimos tempos, aprendemos que o desenvolvimento das localidades em que operamos é essencial para que nossos negócios prosperem. Contribuir com o avanço dos indicadores socioeconômicos nas comunidades, portanto, não é apenas um dos nossos mais caros valores, mas se tornou parte fundamental para o crescimento dos negócios.

    É muito claro para nós que educação de maior qualidade se reflete na produtividade do trabalhador local e evita custos de migração de mão de obra.

    Visca
    Ilustração - Tendências e Debates de 15 de dezembro de 2014
    Ilustração - Tendências e Debates de 15 de dezembro de 2014

    O fomento ao empreendedorismo desenvolve a economia, reduz a dependência econômica e, por consequência, amplia a oferta de produtos e serviços para empresa, funcionários e parceiros. Infraestrutura mais sólida reflete na estabilidade operacional e no atendimento mais rápido de clientes e empregados.

    A lista de benefícios do desenvolvimento local é grande e sempre alia ganhos para empresa, comunidades e poder público. Possibilita um círculo virtuoso que une a melhoria da qualidade de vida da população ao crescimento global dos negócios.

    Trata-se de um desafio complexo, que exige competência técnica, abertura para o diálogo e disposição para a atuação conjunta com os demais setores da sociedade.

    Nossos esforços, por meio do Instituto Votorantim, têm sido direcionados a atuar em consonância com políticas públicas, em conjunto com a comunidade, empresas e agentes públicos, oferecendo nossa experiência e nosso conhecimento para que, especialmente em regiões mais carentes, possa ocorrer um salto efetivo de qualidade na oferta de serviços para a sociedade.

    Também não se trata de benemerência. A ideia é contribuir para que cada comunidade descubra a sua vocação empreendedora, independentemente do ramo de atividade de uma empresa nos arredores, pois a presença de uma empresa pode ser finita, mas o desenvolvimento de novos negócios locais deve ser perene, para garantir a autossuficiência econômica dessa comunidade.

    A aposta é no desenvolvimento local, que seguirá contribuindo para o crescimento global dos negócios e para a geração de valor compartilhado. Uma proposta simples e inovadora com potencial de transformar a realidade brasileira, melhorar os indicadores sociais e o desempenho da economia do país.

    JOSÉ ERMÍRIO DE MORAES NETO, 62, é membro do Conselho de Administração da Votorantim Participações e presidente do Instituto Votorantim

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