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    Editorial: As crises de Alckmin

    27/12/2014 02h00

    Reeleito com folga no primeiro turno, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) terá de lidar logo no início de seu próximo mandato –o quarto no comando de São Paulo– com duas graves crises que só se agravaram ao longo de 2014.

    A mais inquietante delas diz respeito à ameaça de falta de água em diversas regiões do Estado, entre as quais se inclui a Grande São Paulo.

    Atravessando um período de estiagem recorde, os reservatórios da capital estão muito mais vazios do que seria de esperar. Um deles, o sistema Cantareira, aproxima-se da exaustão; responsável por abastecer 6,5 milhões de pessoas, tinha ontem (26) 7,4% de sua capacidade, aí já contabilizadas as duas cotas do chamado volume morto.

    Verdade que as fortes chuvas dos últimos dias resultaram no aumento do nível das represas, algo que não ocorria com o Cantareira desde abril. A elevação, contudo, foi ínfima. O 0,7 ponto percentual acumulado nesta semana ainda não representa alívio, embora até possa animar visões otimistas.

    Diante de item tão crucial, no entanto, um governador precisa ser mais prudente, e Alckmin deixou bastante a desejar nesse ponto. Por falta de planejamento, tardou a iniciar obras que ampliassem a oferta de recursos hídricos; por oportunismo eleitoral, adiou medidas impopulares, mas necessárias para reduzir o consumo de água.

    Se agora já não há muito o que fazer em relação à crise de abastecimento, a não ser preparar-se para o pior, o governo tucano tem a obrigação de, em 2015, sair-se melhor na área da segurança pública.

    Ao fim deste ano, terá sido documentado o maior número de roubos desde 2001, quando o governo passou a utilizar a atual metodologia de registro. Considerado apenas o período de janeiro a novembro, são 286,5 mil desses crimes no Estado –bem mais que os 257,1 mil casos de 2013 inteiro, o segundo pior ano na lista de delitos.

    O mês passado também entrará para a história como o novembro com a maior quantidade de roubos da série. Para piorar, tanto o Estado como a capital chegam a 18 meses seguidos de alta nos crimes patrimoniais cometidos mediante violência ou grave ameaça.

    Os recordes negativos nessas duas áreas não chegaram a abalar o prestígio de que Alckmin desfruta entre os paulistas, mas custaram o cargo de quatro secretários do tucano –dois na pasta da Segurança Pública e outros dois na de Saneamento e Recursos Hídricos.

    Resta saber se o governador trocou seus titulares apenas para manter inalteradas suas estratégias ou se está convencido de que, a despeito do sucesso nas urnas, precisa corrigir rumos de seu governo para o próximo quadriênio.

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