É impossível imaginar como vivemos tanto tempo sem os smartphones e, ainda mais, sem os seus aplicativos.

Numa bela tarde deste calcinante janeiro na cidade de São Paulo, com a temperatura queimando o asfalto a 32°C, o Waze, um aplicativo comunitário de trânsito e navegação, orientou-me a mudar a minha costumeira rota e seguir um caminho que não fazia muito sentido.

Eu só tinha de dar uma simples volta no quarteirão, mas ele me recomendava que andasse mais e fizesse o retorno duas quadras adiante. Não há trânsito nesse trecho nem motivo para tal trajeto.

Logo imaginei tratar-se de pane no sistema ou de queda no sinal de GPS e ignorei a orientação. Decisão errada.

Ao chegar a um cruzamento, topei com o semáforo desligado e a via bloqueada com grandes cones. Só aí reconheci que o Waze havia me dado um conselho de amigo.

Quando você vai imaginar que a CET bloqueará o cruzamento diante da incapacidade de consertar o semáforo?

Esse é um problema antigo e de infalível frequência em São Paulo, principalmente no verão, devido às tempestades. E verão temos todos os anos.

Às vésperas do aniversário de 461 anos de São Paulo, não há mais como tolerar o fato de a maior cidade do país ainda não ter um sistema de semáforos inteligentes.

Com equipamentos obsoletos e sucateados, a gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) anunciou em 2013 um plano para modernizar os semáforos. A meta é recuperar 4.800 dos 6.081 cruzamentos semaforizados até agosto.

A CET informa em seu site que, de agosto de 2013 a novembro do ano passado, 4.422 equipamentos foram reformados e 948 mecanismos antiapagão foram instalados.

As falhas, porém, persistem, o que leva à constatação de que a população deve esperar pouco dos reparos e das promessas feitas na atual gestão.

O petista Haddad, tão engajado na causa das ciclovias –tema que tem a sua importância para a cidade–, poderia dedicar mais tempo ao problema dos semáforos.

A propósito, prefeito, os serviços de meteorologia indicam tempestades nesta semana.

Os paulistanos pagam seus impostos, que não são poucos, e merecem receber um serviço de qualidade, ou ao menos um que não os atrapalhe.

O semáforo citado acima foi consertado alguns dias depois, mas, infelizmente, como acontece muitas vezes após os reparos, ele está fora de sincronia com os outros da mesma avenida, o que causa confusão e mais congestionamento.

Ah, santo conselheiro Waze! Diante de tanta negligência com a pane dos semáforos, só me resta apelar para você. Prometo seguir as suas orientações nas próximas vezes!