• Opinião

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    Editorial: Investigação parada

    23/02/2015 02h00

    Pode ser que o regime de chuvas não tenha ajudado, mas é inegável que o PSDB paulista tem-se beneficiado das circunstâncias políticas e criminais recentes. A espantosa série de revelações, desmandos e prejuízos da Petrobras terminou por tirar o foco dos escândalos do Metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

    Como lembrou a coluna "Painel" na quinta-feira (19), há um ano encontram-se estacionadas as investigações sobre o caso no âmbito da Corregedoria-Geral do governo de São Paulo.

    O último balanço das atividades do órgão, divulgado em fevereiro de 2014, informava que haviam sido colhidos 46 depoimentos e que se aguardava a remessa de documentos do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

    No órgão são analisadas as denúncias da Siemens, atestando a existência de um cartel (do qual ela própria fazia parte, além da Alstom, entre outras) para a obtenção de contratos favorecidos nas licitações de trens e metrô em São Paulo e no Distrito Federal, de 1998 a 2008.

    São óbvios os prejuízos quando empresas buscam anular os efeitos da concorrência. Por essa razão, a assessoria tucana enviou a este jornal, em dezembro de 2013, uma carta em que dizia: "O governo do Estado esclarece que é o maior interessado na rigorosa investigação das suspeitas de cartel, com o devido ressarcimento dos cofres públicos e a punição dos responsáveis".

    Procurava-se contrapor às evidências, a rigor irrespondíveis, de que o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) barrava qualquer tentativa de investigar o caso no âmbito da Assembleia Legislativa do Estado.

    Passado mais de um ano, não parece ter sido maior o empenho da administração estadual no assunto. O esclarecimento pleno do caso há de ser, entretanto, desejável para alguns dentre os envolvidos.

    Destaque-se que o Supremo Tribunal Federal suspendeu processo disciplinar contra o procurador Rodrigo de Grandis, que deixou parado por quase três anos um pedido de investigação da Suíça a respeito do caso Alstom.

    Também obtiveram decisões favoráveis o deputado federal Rodrigo Garcia (DEM-SP) e o ex-deputado federal José Anibal (PSDB-SP), incriminados por um executivo da Siemens em depoimento -considerado inconsistência pelo STF.

    Na culpa ou na inocência, o princípio da rapidez nas investigações é o que mais convém ao interesse público. Continua por ser demonstrado que tal interesse coincida com o das autoridades do PSDB paulista.

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