• Opinião

    Friday, 03-May-2024 18:49:39 -03

    André Barcinski: Paraty vive aumento da criminalidade

    ANDRÉ BARCINSKI
    ESPECIAL PARA A FOLHA

    16/02/2015 02h00

    "Foi uma mancha sangrenta em nosso Carnaval." Assim o inspetor Santos, da Polícia Civil de Paraty, reagiu quando liguei para perguntar sobre o incidente ocorrido na madrugada de domingo (15), na praça da Matriz, em pleno centro histórico, quando dez pessoas foram baleadas durante tiroteio entre grupos de traficantes rivais. A frase do policial saiu carregada de tristeza, mas o "nosso" evidencia o orgulho que os paratienses têm do seu Carnaval, um dos mais tradicionais do litoral fluminense, conhecido por blocos divertidos, intensa participação da comunidade e uma predileção por antigas marchinhas.

    Não há folia, porém, capaz de mascarar uma verdade incômoda: o aumento da criminalidade nos últimos anos. Segundo estudo publicado em 2014, Paraty é a terceira cidade do RJ com o maior número de assassinatos per capita, atrás apenas de Mangaratiba e Cabo Frio.

    Por trás da beleza dos casarões coloniais, há bairros onde grupos de traficantes agem ao seu bel-prazer. Por toda a cidade, há pichações nos muros que remetem a conhecidas facções criminosas como o Comando Vermelho.

    Moradores dizem que a situação piorou depois da instalação das Unidades de Polícia Pacificadoras na capital, que teria causado uma migração da bandidagem para o litoral.

    Paraty é admirada em todo o mundo por sua beleza e charme. Mas os turistas que a curtem de passagem não sabem que a cidade não conta com um hospital decente, tem crescentes problemas com o tráfico e um sistema de água e esgoto iniciado há pouco mais de um ano.

    ANDRÉ BARCINSKI é jornalista e autor do livro "Pavões Misteriosos" (Três Estrelas).

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024