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    Editorial: Prova de fogo na Tunísia

    21/03/2015 02h00

    Em uma ação covarde, homens armados de fuzis e granadas invadiram na quarta-feira (18) o Museu do Bardo, na Tunísia, e dispararam contra turistas que chegavam ao local. O ataque, que terminou após intervenção policial, deixou 23 mortos e dezenas de feridos.

    Reivindicado pela facção extremista Estado Islâmico, o trágico episódio constitui uma prova de fogo para o único país onde germinaram as sementes democráticas da Primavera Árabe (2010).

    Há três meses a Tunísia elegeu seu primeiro presidente de forma livre desde a independência, em 1956. A transição, notável em si, ganha relevo pela comparação com os demais países da região, imersos em conflitos sangrentos ou asfixiados por regimes autoritários.

    Nem tudo são flores, entretanto, em solo tunisiano. Embora registre poucos atentados contra turistas –o último havia sido em 2002–, o país lida com extremistas islâmicos. Ainda que pequenos, esses grupos são responsabilizados por 60 mortes de homens das forças de segurança nos últimos três anos.

    Da Tunísia, ademais, partem muitos dos radicais que engrossam as fileiras do Estado Islâmico na Síria e no Iraque, e o fato de a facção terrorista ter assumido o ataque deixa claro que um país democrático na região será considerado inimigo –um obstáculo para o delirante projeto de um mundo árabe regido por um califado.

    As repercussões negativas foram imediatas. Vários cruzeiros retiraram a Tunísia de seus itinerários, um prejuízo de monta para um país que tem no turismo uma de suas principais atividades e já enfrenta problemas na economia.

    A nação de 11 milhões de habitantes cresceu 2,3% no ano passado, quase a metade da média verificada na década anterior à queda do ditador Ben Ali, deposto em 2011.

    Como consequência, a taxa de desemprego está em 15%, mas atinge 40% em regiões do interior onde brotaram os protestos que antecederam a Primavera Árabe.

    A resposta ao atentado será o primeiro grande teste para o recém-empossado Beji Caid Essebsi. O presidente secularista prometeu ser rigoroso na defesa da Tunísia; o desafio está em fazê-lo sem que a reação seja tão violenta quanto a agressão sofrida.

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