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    Editorial: Comer, beber, viver

    17/04/2015 02h00

    A pesquisa Vigitel 2014, do Ministério da Saúde, traz boas e más notícias sobre a forma física do brasileiro. Num prato da balança, a prevalência da obesidade parece a caminho de estacionar. No outro, o excesso de peso já ameaça a saúde de mais da metade da população.

    O levantamento anual é realizado desde 2006. No ano passado, foram entrevistadas por telefone 40.853 pessoas em todas as capitais do país. Segundo o ministério, é um sistema de acompanhamento do peso sem par no mundo.

    O sobrepeso se define por um índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 25 kg/m2, resultado da divisão do peso do indivíduo pelo quadrado de sua altura. A obesidade ocorre quando o IMC ultrapassa 30 kg/m2.

    A segunda condição está mais diretamente relacionada com doenças crônicas como as do coração, hipertensão e diabetes, que respondem por 72% das mortes no Brasil. Em 2014, a parcela dos obesos ficou em 17,9%, cifra muito similar às de 17,5% e 17,4% nos dois anos anteriores e inferior à de vizinhos sul-americanos como Argentina (20,5%) e Chile (25,1%).

    Um contingente de 52,5% dos brasileiros, no entanto, está acima do peso. Em 2006, eram 43%; em 2013 e 2012, na faixa de 51%. Há uma tendência de alta.

    Uma explicação plausível seria o maior acesso a alimentos calóricos –como doces, consumidos pelo menos cinco vezes por semana por 18,1% dos brasileiros– propiciado pelo aumento da renda média na última década. Além disso, 16,2% da população já substitui no mínimo sete refeições semanais por lanches.

    Os comportamentos preocupantes, porém, são contrabalançados por outros mais auspiciosos. O consumo regular de refrigerantes, por exemplo, regrediu de 30,9% dos entrevistados, em 2007, para 20,8%.

    Se 15,4% ficaram longe das atividades físicas nos três meses anteriores à pesquisa, 35,3% dizem praticar um mínimo de 150 minutos semanais de exercícios, como recomenda a OMS (Organização Mundial da Saúde); em 2009, eram 29,9%. E só 25,3% assistem a três horas ou mais de TV por dia, contra 31% em 2006.

    Percebe-se logo que o sobrepeso tem muitos fatores e está fortemente associado a aspectos culturais. Daí a importância de manter e aprofundar os esforços para incluir a orientação nutricional na atenção básica à saúde e multiplicar os locais e oportunidades para a prática de atividades físicas.

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