• Opinião

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    Editorial: Os opostos se atraem

    04/05/2015 02h00

    Nitidez ideológica e clareza programática há tempos são ativos escassos entre os partidos políticos brasileiros. Vez ou outra, contudo, surge uma novidade capaz de surpreender mesmo quem não espera nenhuma demonstração de coerência por parte das agremiações.

    Os dois exemplos mais recentes vêm das propostas de fusão entre legendas que pouco têm em comum, a não ser as maquinações de seus respectivos dirigentes –sobretudo em períodos eleitorais.

    No começo de abril, o comando nacional do DEM, um dos principais críticos da presidente Dilma Rousseff (PT), aprovou as negociações para se fundir com o PTB, que comanda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e integra a base governista.

    O novo partido, cujo nome ainda se discute, sairia do papel com cerca de 45 deputados e disputaria a posição de quarta maior bancada da Câmara, atrás de PT, PMDB e PSDB. De que forma seus integrantes votarão, todavia, é algo que muitos ainda se perguntam.

    Tampouco se sabe como prestarão contas à história: desde 1945, quando foi criado, o PTB caminhou no campo político oposto ao do DEM e seus antepassados (PFL, PDS, Arena e UDN).

    Com doses bem menores de bizarrice, deram-se na semana passada os primeiros passos para o PSB se fundir com o PPS. Juntos, somam três governadores, sete senadores (ainda sem contar Marta Suplicy, que acaba de abandonar o PT) e cerca de 45 deputados federais –tal qual a dupla PTB-DEM.

    Se PPS e PSB se deram as mãos no apoio a Marina Silva na corrida presidencial de 2014, e se pretendiam se coligar no ano que vem, nem por isso têm se mostrado próximas nos anos ímpares. Enquanto o primeiro faz oposição ao governo da petista Dilma Rousseff, o segundo, que esteve ao lado do PT no plano federal até 2013, prefere uma atitude neutra.

    Há diferenças? Pouco importa; na política brasileira parece não haver princípios antagônicos, e a distância entre oposição e situação, esquerda e direita ou certo e errado se reduz até o desaparecimento.

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