• Opinião

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    Editorial: Avanço extremista

    22/05/2015 02h00

    Com um ataque iniciado três dias antes, a milícia radical Estado Islâmico (EI) conquistou, no domingo (17), Ramadi, capital da maior província do Iraque, Anbar. A tomada da cidade, localizada a 110 km de Bagdá, constitui o maior êxito militar dessa facção sunita desde que se apossou de parte do norte do país, há cerca de um ano.

    O local era um dos últimos bastiões do governo iraquiano na região, e nem mesmo o envio de reforços militares e a intensificação dos ataques aéreos pela coalizão liderada pelos EUA foram capazes de barrar a investida extremista.

    Os confrontos resultaram em aproximadamente 500 mortos e deixaram um cenário de terror, com corpos esparramados pelo chão. A ONU estima que 25 mil pessoas tenham fugido da cidade desde o fim de semana.

    Para piorar, os fanáticos islâmicos se apossaram do centro de comando militar de Ramadi, repleto de armas fornecidas pelos EUA.

    O novo avanço do EI se dá após uma fase de reveses da facção. Em janeiro, os extremistas foram derrotados em Kobani, na fronteira entre a Síria e a Turquia. Em março, tropas iraquianas retomaram a cidade de Tikrit, berço do ditador Saddam Hussein (1937-2006).

    Imaginou-se que os radicais perdiam ímpeto, mas a ideia não passou de ilusão. Eles não só dominaram Ramadi, no Iraque, como tomaram Palmira, na Síria –cerca de 50% deste país e quase todos os seus poços de gás e petróleo estão nas mãos do Estado Islâmico.

    Diante da ofensiva da milícia sunita e na luta para retomar o controle territorial, o governo do Iraque recorreu a grupos paramilitares xiitas, treinados e apoiados pelo Irã. Cerca de 3.000 desses combatentes já se posicionaram nas cercanias de Ramadi.

    A estratégia pode funcionar, mas não sem adicionar um componente perigoso a uma situação explosiva: a província de Anbar é considerada o centro do sunismo no Iraque, e a chegada de xiitas armados, mesmo que convocados como salvadores da região, dificilmente deixará de afligir tribos locais.

    Para o governo iraquiano, seria um pesadelo que a milenar rivalidade entre os dois ramos do islã levasse os grupos a se tratar como inimigos, e não como aliados na batalha contra o Estado Islâmico –a cooperação é tida como crucial para que a empreitada tenha alguma chance de sucesso.

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