• Opinião

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    Renato Andrade: Onde está Levy?

    23/05/2015 02h00

    BRASÍLIA - Joaquim Levy chegou ao governo Dilma com a responsabilidade de resgatar a credibilidade da política econômica, debilitada por anos de avanço forte dos gastos e manobras promovidas por seu antecessor para esconder a complicada situação das contas públicas.

    Nos últimos meses, o ministro defendeu com vigor sua proposta de ajuste das despesas e receitas federais, criticou políticas adotadas no primeiro mandato da presidente e negociou diretamente com deputados e senadores o pacote de medidas que, segundo sua avaliação, permitirá reequilibrar as finanças e recolocar a economia do país nos eixos.

    Apesar de todo esses esforço, coube apenas ao ministro Nelson Barbosa (Planejamento) explicar, na tarde desta sexta-feira, os cortes que o governo fará no Orçamento deste ano.

    A falta do principal artífice da política econômica do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff não passou despercebida por ninguém.

    Barbosa procurou, de imediato, demonstrar que a ausência não era sinal de atrito ou divergência entre os integrantes da equipe econômica. Disse que Levy não estava presente por um "problema de agenda" e fechou a explicação de maneira primorosa: o colega estava resfriado.

    Difícil acreditar que o ministro da Fazenda tivesse qualquer outro compromisso mais importante no dia de ontem que o impedisse de participar da apresentação de parte tão vital de seu plano de recuperação das contas federais. E mesmo que estivesse gripado, quem conhece Levy sabe que o resfriado não o deixaria de fora.

    A ausência do ministro representa um recado claro de insatisfação. Por mais robusta que pareça a tesourada anunciada, Levy queria mais. E queria porque sabe que o Congresso desfigurou as medidas desenhadas pela Fazenda para reduzir parte das despesas deste ano. Agora, para entregar o que prometeu, Levy terá que aumentar o volume de dinheiro em caixa, tarefa nada simples diante do clima político no planalto central.

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