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    Editorial: Novidade espanhola

    27/05/2015 02h00

    Há algo de novo no Reino da Espanha. As eleições em suas comunidades autônomas e municípios sacudiram o panorama político do país, consolidando novos movimentos de esquerda e comprimindo legendas tradicionais.

    Em 2007, o Partido Popular (PP) e o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) somaram 71% dos votos nas disputas locais. Esse patrimônio diminuiu para 65% em 2011 e agora se limitou a 52%.

    Apesar de se ter mantido como a força política mais importante, o PP, agremiação do premiê Mariano Rajoy, conquistou apenas 27% do eleitorado, dez pontos a menos do que no pleito de quatro anos atrás.

    O espaço vazio foi preenchido não por um único partido (o terceiro colocado, Cidadãos, não passou de 6,5% dos sufrágios), mas por diversas agremiações que se beneficiaram dos protestos iniciados em 2011. Parcelas expressivas da população se manifestaram contra as medidas de austeridade adotadas diante da crise econômica.

    Herdeiro direto desses atos, o Podemos conquistou assentos em todos os Parlamentos regionais e participou de frentes vencedoras em vários municípios.

    Na capital, por exemplo, a supremacia exercida pelo PP há 24 anos está ameaçada pelo Agora Madri. Com o apoio do Podemos, a confluência de movimentos populares e de minorias elegeu 20 dos 57 vereadores. Uma provável aliança com o PSOE lhe dará o comando da cidade –na Espanha, vota-se somente nos legisladores, e estes escolhem os chefes do Executivo.

    Fenômeno semelhante ocorreu em Barcelona, segundo maior município espanhol. A prefeitura deve ficar com Ada Colau, uma ativista que se destacou na defesa de vítimas de despejos imobiliários.

    Como atesta o desempenho do Cidadãos, a emergência de novos atores não se restringiu à esquerda. Criada em 2006 e há pouco circunscrita à Catalunha, a agremiação de centro-direita alcançou expressão nacional e pode ser o fiel da balança em vários governos.

    A dispersão dos votos não representa pouca novidade num país há mais de 30 anos acostumado ao bipartidarismo. De um lado ao outro do espectro ideológico, as eleições de domingo (24) demonstraram o quanto existe de desejo de mudança entre os espanhóis –ao fim e ao cabo, um ensaio geral para o pleito que escolherá, no final deste ano, o novo primeiro-ministro.

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