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    Isabeli Fontana: Brasil pode liderar o caminho para livrar mundo da pólio

    09/06/2015 02h00

    Hoje é Dia Nacional da Imunização e nós estamos mais próximos do que nunca de entrar para a história: podemos erradicar a poliomielite do mundo.

    Ao me tornar embaixadora do Rotary na campanha contra a paralisia infantil, me juntei a uma das causas mais importantes para a saúde pública global. Como mãe e brasileira, não posso ser indiferente aos problemas que afetam o mundo ao meu redor, especialmente quando eles podem ser evitados. A pólio não tem cura, mas tem solução: proteger as crianças através da vacinação.

    Com o trabalho do Rotary International e da Iniciativa Global para Erradicação da Pólio, houve uma redução de 99% nos casos da doença mundialmente. Mais de 2 bilhões de crianças em 122 países já foram imunizadas desde o lançamento da iniciativa, em 1988. É um trabalho realmente inspirador, no qual voluntários e agentes de saúde muitas vezes arriscam sua vida para levar a vacina às crianças.

    Rotary Clubs brasileiros dedicaram inúmeras horas de trabalho voluntário e doaram mais de R$44,5 milhões para a iniciativa de erradicação da pólio. Entre 1986 e 1991, o Brasil recebeu US$6 milhões do Rotary International como parte do programa nacional de imunização contra a pólio. Conseguimos derrotar a pólio rapidamente e criar um excelente programa de imunização de rotina, que é exemplo para o resto do mundo.

    Eu fico orgulhosa em saber que o Brasil foi um dos pioneiros neste trabalho, imunizando milhões de crianças durante as Campanhas Nacionais de Vacinação. Além de provar que a vacinação em massa pode ser eficaz, mostramos o seu custo-benefício e sua capacidade de fortalecer a infraestrutura da saúde pública. Os nossos métodos foram reproduzidos em outras partes do mundo e abrimos o caminho para a eliminação da pólio na Américas em 1994.

    Este ano, quando visitei a Índia, vi o impacto maravilhoso das campanhas de imunização e a alegria de crianças que agora têm a oportunidade de uma vida mais segura e saudável, enquanto ajudei a vaciná-las; e a felicidade nos olhos dos agentes da saúde que ajudaram o país a se tornar livre da pólio no ano passado.

    Percebi como é fácil evitar uma vida inteira de sofrimento com apenas duas gotinhas, por isso não deixo de vacinar meus próprios filhos contra doenças preveníveis.

    Mas nem tudo foi alegre durante minha visita à Índia. Visitei o Hospital St. Stephen em Nova Déli, o único com uma ala pediátrica dedicada ao tratamento de vítimas da pólio. As crianças que contraíram a doença antes que ela fosse controlada no país são uma lembrança de que a nossa luta não acabou e precisamos fazer mais.

    Nenhuma criança deve sofrer com uma doença que pode ser evitada, mas a pólio continua endêmica no Paquistão, Afeganistão e Nigéria. Segundo especialistas, se ela não for erradicada agora, poderá se espalhar novamente por todo o mundo, causando até 200 mil novos casos por ano em uma década.

    A descoberta do vírus selvagem da pólio em amostras de esgoto no Brasil em 2014 nos faz lembrar que todos os países –mesmo aqueles com excelentes programas de vacinação de rotina– continuam em risco até que a transmissão do vírus seja interrompida em todo o mundo.

    Com o apoio financeiro e técnico de toda a sociedade, o Brasil pode ajudar a Iniciativa Global para a Erradicação da Pólio e, enfim, mostrar às outras nações o caminho para um mundo livre da pólio.

    ISABELI FONTANA, 31, é modelo e embaixadora do Rotary na campanha contra a paralisia infantil

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