• Opinião

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    Matheus Magenta

    "Geração freezer", era Dilma

    06/07/2015 02h00

    SÃO PAULO - Parte da "geração freezer" desejava evaporar para não carregar aquelas infindáveis sacolas das compras do mês que os pais faziam nos anos 1980 e 1990. Para driblar a hiperinflação, a estocagem de alimentos aproveitava energia farta e casas com despensa. E mão de obra infantil em prédios sem elevador.

    Vieram o apagão, a reeducação energética e a transformação dos freezers em vilões. O controle inflacionário atenuou a adaptação dolorosa –não era mais preciso estocar.

    Os apartamentos ficaram menores, o congelador é a versão acanhada do freezer, as crescentes jornadas de trabalho achataram o tempo para cozinhar, a bandeirada da corrida de táxi migrou para a conta de luz. Hoje, qualquer compra de mercado não sai por menos de R$ 100.

    "Comer em casa sai mais barato" se torna um lugar-incomum, e sair para jantar, uma alternativa. A surpresa com o valor da conta gera o medo de ver o cartão rejeitado pela máquina. Comer fora subiu o dobro da inflação registrada em 2014.

    Especialistas já dão conselhos para reaprender a lidar com alta mais acentuada dos preços. Corte supérfluos, encontre produtos mais baratos –conheça mercados com menos variedades que redes soviéticas–, faça parte de clubes de compras, estoque produtos. Como? Onde?

    O custo da energia elétrica, que não permite sequer reabilitar o freezer moderno e econômico, subiu tanto e tão rapidamente que gerou trocas de acusações em ambientes familiares. As sacolas plásticas, atuais vilãs do meio ambiente, pesam na consciência e no bolso em compras volumosas sem suas versões biocorretas. O espaço da despensa deu lugar ao quarto para mais um.

    A inflação pode voltar a dois dígitos? O centro da meta ficará mais fantasioso? A queda da taxa é natural, dado o cenário de recessão da queda da atividade econômica, mas não parece suficiente para acalmar remarcadores de preços. A paranoia não ouve ninguém.

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