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    editorial

    A sina do metrô

    04/08/2015 02h00

    Obras do metrô? Atrasadas. A associação de ideias parece inevitável na cidade de São Paulo.

    Na linha 5-lilás, por exemplo, o trecho que deverá ligar as estações Adolfo Pinheiro e Chácara Klabin havia sido prometido para 2014. Após sucessivos adiamentos, a conclusão foi protelada para 2018.

    Verifica-se situação similar na linha 17-ouro –Morumbi ao aeroporto de Congonhas. Com previsão para funcionar em 2014, não deverá sair do papel antes de 2017.

    Assim, 40 anos após ser inaugurada, a malha metroviária paulistana continua irrisória para os 21 milhões de habitantes da região metropolitana. Seus 78 km são constrangedores diante do sistema da Cidade do México (21,4 milhões de pessoas), com 225 km de trilhos.

    As razões para o atraso histórico –da ineficiência de seguidas gestões até suspeitas de desvio de dinheiro público e de acordos ilícitos entre empresas– tiveram mais um acréscimo na última semana. O governo de São Paulo rescindiu o contrato das obras das novas estações da linha 4-amarela.

    O rompimento foi o auge de uma disputa entre a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) e as empresas do consórcio responsável.

    Ambas as partes acusam-se mutuamente. O Estado fala em desrespeito a prazos, abandono dos trabalhos e descumprimento de normas de qualidade e segurança. O consórcio espanhol Isolux Corsán-Corviam, por sua vez, diz que deixou de receber pagamentos e que os projetos continham falhas.

    O caso agora irá para uma corte de arbitragem. Caberá a ela dizer quem tem razão nesse imbróglio.

    Seja como for, a entrega completa dos 12,8 km de trilhos deve demorar ao menos mais um ano. Se nada mais der errado, as obras, iniciadas em 2004, devem agora terminar em 2018.

    O ritmo quelônio de expansão metroviária é a regra na gestão tucana, à frente do Estado desde 1995. Nesse período, Mário Covas, José Serra e Alckmin inauguraram 37,2 km, média de 1,9 km ao ano.

    Nem a chegada das parcerias público-privadas, em 2006, justamente com a linha 4, foi capaz de acelerar o processo. À época, argumentava-se que as PPPs poderiam tornar mais célere a construção de linhas –falava-se em triplicar o ritmo. Desde então, contudo, meros 20,4 km foram finalizados (2,3 km ao ano).

    O atraso nas obras do metrô é entregue aos paulistanos não como exceção, mas inaceitável sina.

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