• Opinião

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    Fabio Arruda Mortara

    Alice no país das maravilhas

    15/08/2015 02h00

    O livro que ampliou a importância e universalizou a literatura de fantasia, Alice no País das Maravilhas, completou em julho de 2015, 150 anos de publicação. Escrita pelo controvertido reverendo Charles Lutwidge Dodgson, nome verdadeiro de Lewis Carroll, professor de matemática na universidade inglesa de Oxford, a obra, traduzida para cerca de 80 idiomas e com mais de 100 edições, uma delas ilustrada por Salvador Dali, em 1969, também testemunha o caráter perene e sustentável da comunicação impressa.

    Explico: no acervo da Rosenbach of the Free Library of Philadelphia, prédio construído em 1860, localizado na cidade da Declaração da Independência dos Estados Unidos, consta um exemplar da primeira edição de "Alice no País das Maravilhas".

    Preservadíssimo, o livro é prova da longevidade do material impresso. Afinal, durar 150 anos não é para qualquer um! O brilhante Umberto Eco, escritor, filósofo, semiólogo e linguista italiano, questiona, por exemplo, a possibilidade de se guardar por tanto tempo um arquivo eletrônico.

    No museu de Filadélfia, Alice tem excelente companhia de outros personagens imortalizados pela genialidade de seus criadores e a ação da indústria gráfica de disseminação em escala econômica e preservação de obras literárias. Lá estão raridades como a primeira edição de Robinson Crusoe, de Daniel Defoe, o manuscrito de Ulisses, de James Joyce, e notas escritas por Bram Stoker para seu romance Drácula. A tinta sobre o papel desafia o tempo!

    Os 150 anos da primeira edição da obra de Lewis Carroll referenda todos os conceitos da campanha Two Sides, surgida na Inglaterra e já presente nos Estados Unidos, Canadá, África do Sul, Austrália e no Brasil.

    Aqui, o movimento conta com 42 entidades signatárias, que congregam cerca de 80 mil empresas, geradoras de 615 mil empregos diretos e faturamento anual de US$ 40 bilhões. Trata-se de um trabalho voltado ao esclarecimento das virtudes e importância da comunicação impressa e da educação, informação e preservação ambiental.

    Estamos realizando a campanha em nosso país desde abril de 2014. Objetivo é demonstrar que cem por cento do papel produzido no Brasil para a impressão provêm de florestas plantadas, que sequestram milhões de toneladas de carbono da atmosfera, e que a indústria gráfica e toda a sua cadeia produtiva são sustentáveis, criam milhares de empregos, pagam impostos e agregam valor à sociedade, por meio dos livros, cadernos, jornais, revistas, embalagens e tantos impressos que fazem parte do cotidiano das pessoas.

    O setor não é contra quaisquer outros tipos de mídia. Defende todos os meios –incluindo a internet e os livros eletrônicos– capazes de informar, transmitir informações e inserir cada vez mais pessoas na chamada sociedade do conhecimento.

    Porém, não pode aceitar passivamente a divulgação de informações equivocadas sobre o impresso, sob falsos argumentos ecológicos, e vaticínios sobre sua extinção. Nesse contexto, os 150 anos de Alice comprovam as virtudes da comunicação gráfica.

    A obra, embora seja literatura de fantasia, é tão universalista que chegou a ser premonitória quanto ao Brasil: do mesmo modo que a personagem protagonista precisou diminuir de tamanho para entrar no mundo surrealista de Lewis Carroll, muitos de nossos homens e mulheres ocupantes de cargos públicos apequenam-se para ingressar no "país das maravilhas" da política nacional. Mas, essa é outra história...

    FABIO ARRUDA MORTARA é presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado de São Paulo - SINDIGRAF-SP, coordenador do Comitê da Cadeia Produtiva do Papel, Gráfica e Embalagem - Copagrem da Fiesp, presidente da Confederação Latino-americana da Indústria Gráfica e country manager da Two Sides Brasil

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