• Opinião

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    Eduardo Paes

    Jogos da inclusão

    13/09/2015 02h00

    "Os Jogos Olímpicos do Rio deixarão o maior legado desde a Olimpíada de Barcelona. Serão os Jogos mais inclusivos da história". A afirmação do presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), Thomas Bach, reconhece o esforço da cidade desde que se tornou sede: usar o evento para transformar a vida das pessoas, sobretudo as mais pobres.

    Ao contrário do que afirmou o deputado Marcelo Freixo em recente coluna nesta Folha, o legado desta Olimpíada será para a população da cidade. Para cada real gasto com instalações esportivas, outros cinco são investidos em obras para a população –linhas de BRTs, VLT e metrô, revitalização de áreas abandonadas, projetos de saneamento.

    Para reduzir custos com arenas, nada de formas extravagantes. Os estádios simples, porém funcionais, vão virar escolas e ginásios em áreas carentes. A ousadia do projeto está na expansão da rede de transporte: o índice de usuários subirá de 18% para 63% da população até 2017.

    Além de representar o menor custo do orçamento olímpico, 64% dos gastos dos equipamentos esportivos foi transferida para a iniciativa privada. A Vila dos Atletas está sendo construída integralmente com recursos privados. O Campo de Golfe não recebeu dinheiro do governo. A operação que viabilizou sua construção exigiu do empreendedor que o terreno, antes particular e degradado ambientalmente, se tornasse público por 20 anos e tivesse a vegetação recuperada.

    Em troca, o município alterou parâmetros urbanísticos para o condomínio vizinho, sem aumentar o número de andares permitido por lei e reduzindo a área construída. A região ainda ganhou um parque natural municipal com 1,6 milhão de m², maior que o aterro do Flamengo.

    Com as principais obrigações olímpicas transferidas para a iniciativa privada, a dedicação da Prefeitura do Rio e o dinheiro do cidadão são empregados no que importa: 331 novas escolas, 157 novas unidades de saúde, obras de urbanização em 200 comunidades.

    A cidade olímpica que o Rio quer se tornar é capaz de superar barreiras geográficas e sociais. Priorizar as regiões mais carentes e degradadas em vez de os velhos cartões-postais, revitalizar o centro e o porto, recuperar o subúrbio e escolher o parque Madureira, no coração da zona norte, para receber os Aros Olímpicos.

    Uma cidade que lidera obras transformadoras, minimizando os transtornos e ampliando os benefícios para quem mora no entorno. Tanto que a única comunidade impactada parcialmente por uma instalação olímpica foi a Vila Autódromo, vizinha ao Parque Olímpico.

    Lá, 450 famílias precisaram ser reassentadas por obras viárias ou por ocuparem área de proteção ambiental. A alternativa negociada foi a mudança para um novo condomínio a 1 km de distância. A melhoria no padrão de vida fez com que outras 150 famílias que poderiam permanecer na Vila Autódromo pedissem para se mudar.

    O Rio enfrenta pela primeira vez com determinação o problema histórico de moradias em áreas de risco de deslizamento e alagamento. A prefeitura tem investido em contenção de encostas, controle de enchentes e na construção de casas em locais seguros. Contra o grave deficit habitacional, terão sido contratadas 100 mil casas até 2016.

    Todo esse trabalho tem o objetivo de, ao final dos Jogos, os 6,5 milhões de cariocas se sintam no alto do pódio, numa cidade mais integrada, menos desigual e olímpica por excelência.

    EDUARDO PAES, 45, é prefeito do Rio (PMDB)

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