• Opinião

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    editorial

    A Fifa se mexe

    23/10/2015 02h00

    Enlameada pelo maior escândalo da história do futebol, a Fifa divulgou nesta semana um documento com as primeiras recomendações do comitê criado para reformar seu estatuto.

    Trata-se de uma tentativa de resgatar a imagem e a credibilidade da entidade, fortemente abaladas pelas denúncias de fraude, extorsão e lavagem de dinheiro que vieram à tona nos últimos meses.

    A ação conduzida por autoridades norte-americanas resultou, em maio, na prisão de sete dirigentes da federação internacional, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin, que permanece detido perto de Zurique, na Suíça.

    Nos meses seguintes, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, e o seu presidente, Joseph Blatter, viram-se implicados em outras denúncias (ambos estão afastados), num escândalo cuja extensão total ainda está por ser conhecida.

    A principal das modificações propostas, que ainda devem ser aprovadas no próximo congresso da entidade, em 2016, é a extinção de seu Comitê Executivo. Composta por 24 cartolas, a instância decisória máxima da federação internacional converteu-se no foco das recentes denúncias de corrupção.

    Surgiriam dois novos órgãos, separando as ações políticas da Fifa de sua gestão administrativa. Trata-se de medida sensata.

    As primeiras ficariam a cargo de um conselho formado por dirigentes eleitos pelas federações nacionais. Um comitê técnico, sem a participação de cartolas, cuidaria da outra atividade, ocupando-se de contratos, direitos televisivos etc.

    Recomendou-se também que a comissão responsável pelo orçamento da entidade passe a ter uma maioria de membros externos. Seria criado, ademais, um órgão auditor completamente independente e formado por especialistas.

    Pela proposta do comitê de reformas, o presidente da Fifa não poderia ocupar o cargo por mais de 12 anos nem ter mais do que 74 anos de idade. Busca-se evitar a formação de reinados como o de João Havelange, que ficou na função por 24 anos, e de Blatter, há 17.

    É duvidoso, porém, que o período proposto proporcione a necessária oxigenação da entidade.

    Lamenta-se ainda que o documento não faça menção à maneira como se dá a escolha do mandatário da Fifa. Visto por muitos como uma das origens da corrupção da entidade, o processo eleitoral foi alvo nos últimos anos de diversas denúncias de compra de votos.

    Entre lances de efeito e bolas fora, a Fifa, sem convicção, tenta recompor sua imagem numa partida em que vem perdendo de goleada.

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