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    editorial

    Um bom negócio

    12/11/2015 02h00

    Criado em 2013, o Pros (Partido Republicano da Ordem Social) gastou R$ 2,4 milhões de recursos do Fundo Partidário para comprar um helicóptero. A sigla já possuía um avião bimotor, adquirido em 2014 também com dinheiro proveniente dos cofres públicos.

    As maiores legendas do país não possuem aeronaves. A direção do Pros, contudo, diz precisar delas para criar diretórios nas mais de 5.000 cidades brasileiras: "Como grande parte desses municípios não possui aeroporto, o helicóptero otimizará a locomoção".

    Não se sabe se acreditando na própria justificativa ou imaginando que o eleitor poderá engolir explicação tão estapafúrdia, a sigla afirma que não fez um gasto, e sim investimento em um patrimônio. Sustenta, além disso, que pagou pelo helicóptero valor bem abaixo do preço de mercado. Só faltou se vangloriar do tino comercial.

    A desculpa oficial é contestada pelo próprio líder do Pros na Câmara dos Deputados, Domingos Neto (CE): "Isso é um absurdo. Como pode usar dinheiro público para comprar helicóptero só para vir de Planaltina de Goiás para Brasília?". Refere-se ao presidente nacional da legenda, Eurípedes Júnior, ex-vereador daquela cidade.

    Eleito para o Legislativo municipal em 2008 com 810 votos, Eurípedes decidiu criar sua sigla em 2010. Percorreu o país em busca de 500 mil assinaturas de apoio e, sem cerimônias, declara: "Vendi o que eu tinha para fazer o partido".

    Deu certo. Conseguiu o registro definitivo em 2013 e acertou a adesão de Ciro Gomes e de todo o seu grupo político. Graças a isso, o Pros elegeu 11 deputados (mais que PC do B, PPS, PV e PSOL) e o governador do Amazonas, José Melo.

    Ciro já deixou a agremiação; boa parte da bancada federal está em conflito com a Direção Nacional. Mas o dinheiro do Fundo Partidário, proporcional aos votos obtidos, continua pingando na conta bancária. O Pros recebeu, até outubro deste ano, mais de R$ 15 milhões.

    O relator do Orçamento de 2016, deputado Ricardo Barros (PP-PR), quer aumentar o valor do Fundo Partidário dos R$ 311 milhões propostos pelo governo para R$ 911 milhões. Se isso for aprovado pelo Congresso, Eurípedes e sua turma terão a chance de realizar outros negócios –bons para eles, mas péssimos para o contribuinte.

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