• Opinião

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    Robson Braga de Andrade

    O momento é de ação

    27/12/2015 02h00

    Empresários, como todos os cidadãos, têm suas preferências políticas. Num cenário de desalento, como o atual, essas predileções passam a um segundo plano. Mais importante, agora, é recolocar o país no rumo. Seja qual for o desfecho da crise que envolve governo e Congresso, o Brasil precisa voltar a ter estabilidade para trabalhar e perspectivas para crescer.

    Neste momento, é necessário olhar para o mundo político em Brasília e dizer: chega. A verdade é que o imbróglio em que alguns homens públicos se envolveram está atrapalhando o país. Eles devem resolver rapidamente seus problemas, o Brasil não aguenta mais tanta paralisia.

    A economia está parada, enquanto espera a solução da crise política. Sofre, também, os reflexos negativos de decisões equivocadas da política econômica. Ninguém sabe como os assuntos de Estado vão se desenrolar no ano que vem. Não é somente por falta de bola de cristal, mas por completa ausência de parâmetros para análise.

    Nesse ambiente de incertezas, fica muito mais complicado recuperar a economia. Empreendedores demandam um mínimo de previsibilidade para abrir ou ampliar negócios. Não é à toa que os investimentos no Brasil estão andando para trás há nove trimestres consecutivos. Como alguém pode pensar em elevar a produção num cenário tão confuso e sem perspectivas?

    Fido Nesti

    Os Estados estão quebrados, e 17 deles não têm dinheiro nem mesmo para pagar o 13º salário dos servidores. Com crônicos problemas orçamentários, estão recorrendo a recursos que não lhes pertencem, como depósitos judiciais. Além disso, vêm aumentando tributos, como o ICMS, e taxas, sem que a população tenha inteira consciência dessas medidas assustadoras.

    A situação é muito ruim: 2015 foi perdido e, sem o restabelecimento geral da confiança, 2016 seguirá pelo mesmo caminho. Segundo as projeções da CNI (Confederação Nacional da Indústria), o PIB (Produto Interno Bruto) deve cair 3,3% neste ano e 2,6% no próximo. Serão três anos seguidos de contração, o que indica a mais profunda e prolongada recessão da República.

    Setor que mais vem sofrendo prejuízos, a indústria deve ter queda de 6,4%, seguida por contração de 4,5%. A participação do segmento de transformação no PIB pode chegar a ser inferior a 10%, indicador insuficiente para países do grau de desenvolvimento do Brasil. A taxa de desemprego média anual ficará em torno de 11%, uma péssima notícia sob todos os pontos de vista.

    O Estado precisa, com urgência, superar seus desajustes para começar a reverter esse quadro negativo. Passamos um ano inteiro discutindo iniciativas para restaurar, minimamente, o equilíbrio fiscal. Ainda que a tarefa tivesse obtido sucesso, o que não ocorreu, isso estaria longe de ser o suficiente.

    Precisamos adotar medidas que melhorem o ambiente de negócios e estimulem a competitividade dos produtos nacionais. Entidades empresariais, como a CNI, partidos políticos e economistas independentes já apresentaram diversas propostas para remover os obstáculos. Agora é hora de tirá-las do papel. O momento é de ação, não de procrastinação.

    A partir de 2016, o Brasil precisará fazer as reformas necessárias para retomar a via do desenvolvimento econômico e social. Do contrário, nosso futuro acabará se revelando tão duro quanto o presente. Não podemos deixar que isso ocorra.

    Já provamos que somos capazes de construir um país mais próspero e justo. Com trabalho, persistência e confiança, vamos voltar a crescer.

    ROBSON BRAGA DE ANDRADE, 67, é empresário e presidente da CNI - Confederação Nacional da Indústria

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