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    editorial

    Ladeira abaixo

    15/01/2016 02h00

    O preço do petróleo não para de cair. O barril passou de cerca de US$ 100, em meados de 2014, para menos de US$ 30, e não se sabe onde fica o fundo do poço.

    Sem opção, grandes petroleiras reagem cortando custos e investimentos. A Petrobras segue o mesmo caminho, mas, dado o acúmulo de desequilíbrios na estatal, os esforços por ora resultam insuficientes.

    Para começar, sua dívida monta a cerca de US$ 100 bilhões, a maior do mundo. Todas as medidas saneadoras precisam ser adotadas tendo como prioridade convencer os credores de que a empresa se manterá solvente. Do contrário, será cada vez mais difícil rolar os vencimentos dos débitos.

    Como esse princípio não foi seguido à risca na revisão do plano de negócios da Petrobras, não surpreende a recente queda no preço das ações. O corte de US$ 32 bilhões em investimentos até 2019 terá início apenas em 2017 –aos olhos do mercado, um prazo a perder de vista nas atuais condições.

    Além disso, soaram excessivamente otimistas as estimativas de US$ 45 para o preço do petróleo e de R$ 4,06 para o dólar, assim como a projeção de arrecadar US$ 14,4 bilhões com a venda de ativos em 2016 –iniciativa que não rendeu nem US$ 1 bilhão em 2015.

    As contas não fecham, de todo modo. Para equilibrar seu caixa e reduzir a dívida, a Petrobras precisa de mudanças mais profundas.

    Embora o momento de mercado não seja favorável a grandes operações, o colapso da estatal torna imprescindível negociar mesmo ativos considerados estratégicos. É esse o caso da decisão de vender a participação na petroquímica Braskem, uma fatia de 36% avaliada em mais de R$ 5 bilhões.

    Ademais, por que não vender a BR Distribuidora, marcada pelo apadrinhamento político e pela corrupção? Uma transação que envolvesse a participação majoritária na companhia, e não apenas fatias, sem dúvida poderia alcançar preços mais elevados.

    Em outra frente, é crucial haver um compromisso sério de reestruturação administrativa, incluindo corte de pessoal e redução dos exorbitantes privilégios de funcionários e da direção da estatal.

    Se o preço do petróleo se mantiver no nível atual pelos próximos anos, todavia, dificilmente a Petrobras escapará de uma capitalização, apesar de tal caminho ter a penúria do Tesouro como obstáculo.

    Ou seja, a assombrosa sequência de desmandos conduziu a estatal a um ponto em que não restam boas opções. As gestões dos petistas Lula e Dilma Rousseff quebraram a Petrobras, e a tarefa de resgatá-la demandará a mobilização de todas as forças políticas que ainda se pretendem sérias no país.

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