• Opinião

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    editorial

    Sem garras

    28/01/2016 02h00

    Desfrutando de clara hegemonia no cenário político estadual, o PSDB encontra dificuldades para apresentar um candidato consensual e forte na disputa pela Prefeitura de São Paulo. É positivo, assim, que proceda a uma consulta prévia entre seus militantes, marcada para o dia 28 de fevereiro.

    Três nomes se apresentam para a disputa interna: o empresário João Doria Jr., que conta com o apoio aparente do governo Geraldo Alckmin, o deputado federal Ricardo Tripoli, o mais votado do partido em 2014, e o vereador Andrea Matarazzo, que já ocupou importantes cargos nas administrações municipais tucanas.

    De nenhum deles será lícito dizer que foge ao figurino, à identidade, ao estilo característico da política peessedebista. As rotulações mais inconvenientes que adversários aplicam a um ou outro –a de "higienista" ou de "coxinha", por exemplo–, talvez já não tenham, no atual cenário ideológico paulistano, especial poder pejorativo.

    Com o acúmulo dos escândalos e erros protagonizados pelo PT, deixa de ser motivo de constrangimento, para um candidato, que seu estilo político e modos de vida se localizem nos antípodas do populismo tradicional.

    Torna-se mais decisivo, até, canalizar o sentimento que, em São Paulo como em outros centros, mobiliza amplas parcelas da população contra a herança do lulismo.

    Mais do que por seus próprios insucessos, o prefeito Fernando Haddad (PT) surge a esta altura como o alvo preferencial das inconformidades e indignações resultantes do modelo que lhe garantiu a vitória em 2012.

    De índole cautelosa e avessa ao confronto, o PSDB demonstra dificuldades em se apropriar dos dividendos da evidente polarização política –entre petismo e oposição, entre os favoráveis ao impeachment e quem o contesta.

    Ademais, a permanente divisão entre as principais lideranças do partido dificulta o método, até há pouco tempo tão recorrente e bem-sucedido no campo petista, de ungir unilateralmente um nome, mesmo que quase desconhecido, para o pleito, transferindo a popularidade de Lula a qualquer pessoa de sua predileção.

    Abre-se caminho, desse modo, para que outros candidatos, como Marta Suplicy (PMDB) e Celso Russomanno (PRB), ocupem o terreno do voto oposicionista.

    Por certo, a eventualidade de uma "terceira força" entre PT e PSDB raras vezes sobrevive, no Brasil, às corrosões de uma campanha. Mas a falta de densidade pessoal dos pré-candidatos do PSDB, ao menos por enquanto, torna menos improvável essa hipótese no pleito paulistano.

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