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    CASSIO CALAZANS DE FREITAS

    Prefeitura deve restringir horário e tamanho dos blocos de Carnaval? Sim

    06/02/2016 02h00

    BAIRRO RESPEITADO

    É importante esclarecer de antemão: somos totalmente a favor da ocupação do espaço público, a exemplo do que ocorre no Carnaval. No entanto, bairros como a Vila Madalena têm características que não combinam com esse tipo de festa.

    Bel Falleiros

    A subprefeitura de Pinheiros está correta ao determinar que na Vila Madalena a folia acabe às 20h, ao restringir o tamanho dos blocos a 15 mil pessoas e ao estabelecer multas para quem desrespeitar as regras. A decisão é uma vitória para os moradores, mas está longe de resolver todos os problemas gerados pelos megaeventos.

    Os moradores do bairro, normalmente, já enfrentam transtornos o ano inteiro. É uma batalha tentar convencer os proprietários de bar a cumprirem a lei do silêncio e a instalarem isolamento acústico.

    Ao longo do ano, nosso foco principal são as aglomerações de pessoas até altas horas, som ligado no último volume e a invasão desonesta de ambulantes, que geram concorrência desleal e mudança de público no bairro.

    Os bares e restaurantes pagam aluguel, funcionários e impostos. São multados quando algo de errado acontece. Possuem endereço fixo e CNPJ. Já os ambulantes não têm compromisso com nada e podem praticar preços muito mais baratos. O resultado é que as ruas ficam lotadas e os estabelecimentos, vazios.

    No Carnaval, tudo isso se agiganta. Ninguém é contra a festa, mas os foliões precisam respeitar os moradores, os comerciantes, as pessoas que visitam o bairro.

    Depois que os blocos passam –e muitas vezes os foliões permanecem nas ruas até o dia clarear–, ficam a sujeira, o odor de urina, as garrafas e camisinhas espalhadas. Como se isso não bastasse, é comum ver pessoas transando nas ruas e calçadas como animais.

    A Vila Madalena possui ruas estreitas, aclives, declives e um quadrilátero onde o espaço público já é ocupado em sua totalidade durante 365 dias por ano. É um bairro de passagem, o que aumenta o fluxo de automóveis. Quando ocorrem os megaeventos, tudo fica ainda pior.

    Neste ano, para se ter uma ideia, a Vila já sofria com aglomeração duas semanas antes da data oficial do Carnaval publicada pela Secretaria da Cultura e pela prefeitura.

    Do jeito que está, a situação sobrecarrega a subprefeitura, a CET, a Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana, que precisam atender toda a cidade de São Paulo e ficam sem contingente para dar conta da fiscalização do Carnaval.

    Claro que não podemos proibir as pessoas de virem para nosso bairro, nem é essa a nossa intenção. Queremos apenas que, durante todo o ano, as autoridades olhem para a Vila de forma diferenciada, que não se esqueçam dos moradores, dos comerciantes e daqueles que trabalham e zelam pelo local. Estamos cansados de ouvir "os moradores que se mudem, pois a Vila não tem mais jeito".

    Não vamos desistir. Cada vez mais pessoas, mais empresas e mais comerciantes nos apoiam. Tenho a certeza de que, mais cedo ou mais tarde, um político de bom senso aparecerá para discutir com as pessoas que vivem na Vila Madalena. Então acharemos uma solução adequada e equilibrada para todos, moradores e visitantes.

    CASSIO CALAZANS DE FREITAS é presidente da Savima - Sociedade Amigos de Vila Madalena

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