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    editorial

    Síria, crise mundial

    07/02/2016 02h00

    Prestes a completar cinco anos, a guerra da Síria provoca a maior crise humanitária deste século.

    Estima-se que a destruição de cidades inteiras e a perseguição nas áreas controladas por facções extremistas tenham levado cerca de 13 milhões de pessoas –mais de dois terços da população– a deixar suas casas. Já se aproxima de 5 milhões o número das que buscam abrigo em outro país.

    O drama adquiriu particular visibilidade a partir do ano passado, quando disparou a chegada de imigrantes à Europa. Mas é na vizinhança da Síria que a crise gera os impactos mais expressivos.

    Só podem ser consideradas bem-vindas, assim, iniciativas como a que teve lugar em Londres, na quinta-feira (4), com a finalidade de levantar fundos para auxiliar os cerca de 4 milhões de sírios que Turquia, Líbano e Jordânia receberam nos últimos anos.

    O encontro reuniu representantes de 70 países e arrecadou a significativa soma de US$ 11 bilhões.

    Em outra ação que chegou a bom termo nesta semana, as 28 nações da União Europeia concordaram em destinar US$ 3,35 bilhões para programas assistenciais na Turquia, país que recebeu o maior contingente de sírios (2,2 milhões).

    A ajuda é mais do que necessária. Seja em campos de refugiados, seja em meio à população local, esses imigrantes sobrevivem no mais das vezes em condições precaríssimas, com dificuldades de arranjar emprego e acesso deficiente à educação e saúde.

    Exercem, ademais, enorme pressão sobre os serviços sociais dessas nações, que vêm arcando sozinhas com os custos de uma demanda urgente e desesperada. O Líbano, por exemplo, recebeu um contingente de sírios equivalente a 25% de sua população (4,5 milhões).

    As mobilizações europeia e mundial, de um lado, demonstram a salutar compreensão de que a guerra civil resultou numa catástrofe que ultrapassa o Oriente Médio, sendo tarefa de todos prover ajuda aos milhões de deslocados, bem como aos países que os abrigam.

    De outro, não passa despercebido que tamanho empenho se deu apenas depois que os refugiados se tornaram um problema para a Europa, com a polêmica suscitada no continente pela chegada de quase 500 mil sírios no ano passado.

    Tais esforços, por mais importantes que sejam, constituem somente paliativos. A verdadeira solução começará a tomar forma apenas com o fim da guerra na Síria, e a suspensão temporária das negociações para encerrar o conflito mostra que será longo e acidentado o caminho para a paz.

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