• Opinião

    Sunday, 05-May-2024 01:53:36 -03

    Carlos Jereissati Filho e Regina Esteves De Siqueira

    Planejamento é fundamental

    12/02/2016 02h00

    No final de janeiro, tivemos a oportunidade de conhecer o trabalho do professor William Eimicke, diretor do Picker Center, o centro de educação executiva da Escola de Relações Públicas e Internacionais da Universidade Columbia (EUA).

    Ele já atuou como consultor de gestão para diversos governos e organizações privadas, além de lecionar nas universidades de Pequim e Cingapura.

    Eimicke elenca o planejamento como o terceiro de quatro elementos fundamentais para um governo mais eficiente, com entregas de qualidade para a população.

    Daniel Bueno

    O primeiro ponto é a existência de lideranças políticas fortes, com legitimidade para comandar esse processo. O segundo, o equilíbrio fiscal que permite um planejamento mínimo e mostra qual a capacidade financeira para a adoção de ações futuras.

    Em seguida, o planejamento estratégico e, por fim, a mensuração de resultados, permitindo que a efetividade das decisões tomadas seja analisada.

    Como se vê, as dificuldades fiscais enfrentadas por União, Estados e municípios seriam um entrave para a formulação de um planejamento estratégico amplo e efetivo. No entanto, isso não impede que o debate seja iniciado, sob o risco de passarmos os próximos anos com a sensação de estarmos sempre tentando minimizar os impactos de escolhas que nem sempre são as mais adequadas.

    Além disso, mesmo no difícil cenário econômico atual, é possível nos depararmos com administrações públicas de melhor equilíbrio financeiro. É o caso de cidades que integram o Juntos pelo Desenvolvimento Sustentável, programa de aprimoramento da gestão e dos serviços públicos municipais liderado pela organização social Comunitas.

    O Juntos aposta na união entre sociedade civil, setor público e iniciativa privada para promover essas mudanças. O programa conta com líderes empresariais que formam seu núcleo de governança, onde são tomadas as decisões estratégicas e se acompanha o desenvolvimento dos projetos executados.

    Em 2016, o programa, focado em ações de equilíbrio fiscal, inovação, fortalecimento de lideranças públicas e engajamento da sociedade, passa a dedicar-se também ao planejamento estratégico das cidades parceiras.

    Para que seja real e efetivo, ele precisa ser criado de forma transparente e envolver a sociedade, organizações sociais, setor produtivo e entidades representativas de forma geral. Assim, não será vinculado a uma corrente política, e sim à própria sociedade.

    Naturalmente, esse debate requer maturidade institucional, política e social. Afinal, um planejamento estratégico deve elencar prioridades, e sabemos que os recursos são finitos. Logo, não é possível atender a todos os interesses.

    Como sociedade, devemos refletir e escolher qual é a questão mais importante a ser melhorada. Precisamos também mensurar os investimentos necessários para isso, assim como determinar de onde os recursos seriam tirados.

    O ano passado certamente foi difícil para os brasileiros. Este 2016 também reserva desafios. É natural que, em uma crise, atitudes emergenciais sejam tomadas.

    Todavia, não podemos abrir mão de um debate sério e estruturado sobre o nosso futuro enquanto sociedade. Esse processo deve atingir todos os níveis de governo, sempre com a participação ampla de diversos setores.

    Afinal, como bem diz o professor Eimicke, o planejamento estratégico mostra como as ações adotadas hoje podem nos fazer chegar aos objetivos de amanhã. Para isso, é urgente definir que direção queremos, afinal, seguir.

    CARLOS JEREISSATI FILHO é presidente da Iguatemi Empresa de Shopping Centers
    REGINA ESTEVES DE SIQUEIRA é diretora-presidente da Comunitas, organização social dedicada a projetos de desenvolvimento social e econômico

    *

    PARTICIPAÇÃO

    Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br.

    Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024