• Opinião

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    editorial

    O avanço da dengue

    12/02/2016 02h00

    É preocupante constatar que a cidade de São Paulo registrou considerável aumento nos casos comprovados de dengue no início de janeiro. Nas três primeiras semanas de 2016, as confirmações laboratoriais da doença cresceram 40% em relação a igual período de 2015, que já fora um ano muito ruim.

    Verdade que esse crescimento pode ser relativizado, ao menos em parte. Como agora as pessoas estão muito mais preocupadas com as viroses transmitidas por mosquitos, mais gente procurou os serviços de saúde após os primeiros sintomas.

    Além disso, os próprios médicos estão em estado de alerta. O número de casos suspeitos neste ano se multiplicou por três na comparação com 2015, e a relação das confirmações para as notificações caiu de 0,279 para 0,130.

    Mesmo assim, há razões para esperar uma escalada real nas infecções, já que o verão mais úmido favorece a proliferação do Aedes aegypti, o principal vetor da moléstia em ambientes urbanos.

    A situação merece ainda maior atenção devido às reiteradas temporadas epidêmicas, que elevam a probabilidade de quadros graves da doença.

    Como se sabe, existem quatro sorotipos do vírus da dengue. Quem contrai um deles torna-se imune àquela variante, mas não às demais. Se houver infecção por outro sorotipo, são maiores as chances de que a moléstia venha a provocar choque hemorrágico e morte.

    A vacina que acaba de ser aprovada no Brasil pode ajudar, mas tem eficácia combinada para as quatro variantes muito baixa, em torno de 60%. O Instituto Butantan desenvolve outra vacina que promete ser mais eficaz, mas ela ainda está longe de chegar ao mercado.

    As autoridades, portanto, precisam se dedicar não só a tratar os doentes que apresentem sintomas mais sérios mas também a conter a proliferação do mosquito. Não faltam motivos para isso.

    Pelo menos outras quatro arboviroses que circulam no Brasil encontram no A. aegypti seu vetor: chikungunya, zika, mayaro e a muito mais mortífera febre amarela –que, talvez por um golpe de sorte, não se reurbanizou no país.

    Todos os cidadãos, naturalmente, devem fazer sua parte, eliminando os focos de larvas em suas casas. Apenas isso, contudo, não basta.

    O poder público, nas três esferas, precisa fazer muito mais. É urgente, por exemplo, criar mecanismos para identificar rapidamente os focos de transmissão das doenças e combater o mosquito em áreas tão específicas quanto possível.

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