• Opinião

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    editorial

    Nova provocação

    13/02/2016 02h00

    Um mês após realizar um teste nuclear condenado pela comunidade internacional, a Coreia do Norte volta a provocar inquietação com o lançamento de um foguete.

    Na versão da ditadura comunista, o evento do último dia 7 serviu apenas para pôr em órbita um satélite de observação, iniciativa de interesse científico e fins pacíficos. Para o restante do planeta, porém, tratou-se de novo teste de míssil balístico intercontinental, com autonomia para atingir os EUA.

    Num comunicado divulgado depois de reunião convocada às pressas, o Conselho de Segurança da ONU criticou com veemência a iniciativa –que viola resoluções do órgão– e afirmou que irá adotar novas sanções contra o país asiático.

    A apreensão é justificada. As ações mais recentes de Pyongyang, que incluem, segundo a inteligência dos EUA, o religamento de reatores nucleares, deixam poucas dúvidas sobre o temerário caminho escolhido pela Coreia do Norte.

    Não é claro, contudo, o que move o desatinado ditador Kim Jong-un. Talvez tudo não passe de estratégia de barganha; o anacrônico regime, cada vez mais empobrecido, poderia aceitar limites ao programa nuclear em troca de dinheiro.

    Há outras possibilidades, todavia: busca de legitimação interna por meio de demonstrações de poderio militar; tentativa de dissuadir eventuais adversários domésticos e inimigos internacionais.

    Em qualquer hipótese, sabe-se muito bem qual o efeito da beligerância norte-coreana: aumento da tensão regional e incentivo para uma indesejável corrida armamentista entre as nações vizinhas.

    Sejam quais forem os objetivos de Kim Jong-un, portanto, urge abortá-los. Os esforços da comunidade internacional nesse sentido, infelizmente, têm sido pouco efetivos. A Coreia do Norte, embora sofra sanções desde 2006, continuou realizando testes nucleares e de mísseis de longo alcance.

    Mesmo assim, ações diplomáticas ainda constituem a melhor opção para lidar com Pyongyang –a outra, uma campanha militar, carrega enormes riscos e deveria ser considerada apenas como alternativa derradeira.

    As esperanças, assim, estão depositadas sobre a China, único aliado e principal parceiro comercial da Coreia do Norte. Só o empenho de Pequim fará as tratativas avançarem. Do contrário, o impasse tende a se prolongar.

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