• Opinião

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    editorial

    Folha, 95

    20/02/2016 02h00

    Esta Folha chega aos 95 anos num momento difícil para o Brasil. A economia afunda em grave recessão sem que se vislumbre perspectiva de saída; crise gêmea na esfera política paralisa o processo de decisão e mantém prostrado o governo federal.

    A confiança de empresários e consumidores está no chão. Um dos maiores escândalos de corrupção da história segue produzindo revelações espantosas sobre o centro do poder, dois anos a fio. O colapso da autoridade presidencial ameaça manter o país em hemorragia.

    A oposição tampouco consegue mostrar-se à altura dos desafios. A polarização ideológica e a estridência timbram o debate público e pouco têm contribuído para encontrar soluções racionais capazes de repor o Brasil nos trilhos.

    Nesse quadro, pode-se afirmar que houve poucas ocasiões em que o melhor jornalismo se fez tão necessário. Aquele que procura colocar em prática certos compromissos editoriais, no caso da Folha expressos num programa –crítico, pluralista e apartidário– que se renova há décadas.

    Um desafio e tanto, posto não só pela conjuntura econômica e política, mas pela turbulência no próprio espaço de um jornalismo em mudança. Embora amplifiquem sobretudo o que a própria imprensa divulga, as redes sociais da internet também dão ensejo a uma enxurrada de versões fantasiosas, parciais e exacerbadas, que produzem mais ruído do que luz.

    Em paralelo, ainda não há clareza sobre o modelo de negócios que, nesse ambiente, seja capaz de sustentar a produção independente de informações qualificadas.

    Caberá ao jornalismo profissional, que aspira à exatidão e ao desengajamento, aproveitar as oportunidades criadas pela expansão e escolarização do leitorado, poderoso vetor demográfico que faz supor uma demanda crescente.

    Em poucas palavras, tal foi o panorama traçado nos oito painéis do Encontro de Jornalismo realizado em comemoração aos 95 anos.

    Não é paradoxo vivido só no Brasil. Por toda parte a drástica redução de custos imposta pela crise e, em alguns casos, a conflagração política têm dificultado o exercício da profissão e o direito de acesso público às informações.

    São os casos da reportagem investigativa sobre os donos do poder (como na Venezuela ou na Rússia) e o envio de correspondentes para cobrir conflitos contemporâneos, marcados pela assimetria e pela brutalidade extrema (como na Síria ou na Ucrânia).

    Sob tantos aspectos, o jornalismo se mostra como ferramenta essencial para ampliar o exercício dos direitos da cidadania e instruir as decisões das pessoas, das empresas, das instituições.

    editoriais@grupofolha.com.br

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