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    editorial

    Bilhete inútil

    25/02/2016 02h00

    Exemplo de péssimo serviço público se repete pelo menos há sete meses em São Paulo, sem que os governos municipal (PT) e estadual (PSDB) consigam resolvê-lo.

    Filas gigantescas se formam diariamente, nas estações de metrô, para compra e recarga do Bilhete Único, o cartão magnético que pode ser usado tanto nos ônibus municipais quanto nos trens estaduais (metrô e CPTM).

    Até tarde da noite se observam dezenas de usuários enfileirados, na tentativa de realizar a mais prosaica das tarefas –pagar uma tarifa para a concessionária encarregada de prover o transporte.

    O problema começou em meados de 2015. A empresa Rede Ponto Certo passou a fechar alguns dos postos de atendimento que mantinha, a maioria concentrada nas estações de metrô. Ao usuário restava recorrer às máquinas de autoatendimento, que logo também ficaram congestionadas.

    A Ponto Certo alegava, para justificar a restrição do serviço, que sua rentabilidade estava caindo ao longo do período em que o valor das passagens ficou congelado.

    Logo após, até os terminais de autosserviço estavam desativados. Em dezembro, 20 das 61 estações ficaram desprovidas da facilidade.

    O incômodo imposto aos usuários pode ser aquilatado pela capilaridade da Ponto Certo. Embora houvesse outras empresas prestando o serviço, ela detinha 55% dos pontos de venda e movimentava 28% da arrecadação com recarga.

    Em 15 de janeiro, o Metrô rescindiu o contrato com a rede e aplicou multa pela desativação das máquinas sem aviso prévio. Desde então, a companhia controlada pelo governo estadual vem tentando suprir a lacuna deixada pela Ponto Certo, mas sem grande sucesso.

    Até agora, as demais empresas não foram capazes de substituir a concorrente na velocidade necessária para descongestionar o sistema. Estima-se que só no mês que vem o serviço seja normalizado.

    Mais de 10 milhões de viagens se realizam todos os dias na Grande São Paulo. A maioria dos passageiros faz uso do Bilhete Único, por sua comodidade, mas ele se converteu, de uma hora para outra, num estorvo a roubar horas de descanso de milhões de cidadãos.

    Os postos de venda se concentram nas estações de metrô, seara do governo estadual, mas o cartão magnético atende a muito mais usuários de ônibus, que são responsabilidade da prefeitura.

    É urgente que as duas esferas de governo se unam para dar uma solução a esse descalabro.

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