• Opinião

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    editorial

    Passado e futuro

    09/05/2016 02h00

    Na semana passada, a agência de classificação de risco Fitch reduziu mais uma vez a nota de crédito do Brasil (de BB+ para BB). O país agora está dois níveis abaixo do necessário para ser considerado um investimento seguro. Pior, a perspectiva se manteve negativa, o que significa boa chance de novo corte nos próximos meses.

    Ao justificar a decisão, a empresa salientou o aprofundamento da recessão, a deterioração das contas públicas e a falta de visibilidade quanto ao quadro político e quanto à agenda de reformas.

    Como a Standard & Poor's e a Moodys já haviam feito o mesmo movimento, as três principais agências se igualam na avaliação negativa e nas notas. Indicam que a recuperação do selo de bom pagador demandará tempo e esforço, especialmente para vencer o principal desafio: estancar o crescimento explosivo da dívida pública.

    As agências, entretanto, tendem a ser lentas em suas avaliações; muitas vezes apenas formalizam o que investidores e mercado já anteciparam. Foi assim na tendência da baixa -o Brasil mantinha o grau de investimento das três agências, mas os preços dos ativos (juros, risco de crédito etc.) eram compatíveis com notas inferiores.

    Ensaia-se agora o oposto. Nas últimas semanas, o real se valorizou, cresceu a expectativa de que um ciclo de corte de juros se aproxima e o risco Brasil caiu. Em parte, a melhora veio de fatores externos. Parece mais distante o próximo aumento das taxas nos EUA, subiram os preços de matérias-primas e a China sinaliza uma aceleração.

    É certo também que a perspectiva de um novo governo, com uma agenda econômica mais promissora, teve impacto nos mercados. Mas é evidentemente cedo para prognósticos muito otimistas.

    O país amargará queda de produção, emprego e crédito por algum tempo. Não se sabe se o novo governo aprovará medidas impopulares e necessárias, como reforma da Previdência e melhorias na gestão do orçamento.

    Há, todavia, aspectos positivos. A inflação começou a cair, o deficit externo quase desapareceu e o país dispõe de reservas altas em moeda forte. Sobem timidamente as projeções para o crescimento do PIB em 2017 -alguns bancos e consultorias já enxergam alta superior a 1%, prognóstico bem melhor do que há algumas semanas.

    É claro que um governo de Michel Temer (PMDB) terá de apresentar resultados rapidamente para sancionar essas projeções. Os problemas são muitos e não sumirão, mas as notas das agências, nesse caso, terão cara de passado.

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