• Opinião

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    editorial

    Uma base mais firme

    03/06/2016 02h00

    Em contraste com a primeira versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), de setembro de 2015, a segunda —divulgada há um mês— tem recebido de especialistas mais avaliações positivas que negativas. O que não quer dizer que não possa e não deva melhorar.

    Já se tornou consensual a necessidade urgente de uma BNCC. Não paira mais dúvida de que a educação brasileira, para safar-se do atoleiro de mediocridade atual, precisa de um rol compreensível por todos —pais, mestres e estudantes— daquilo que deve ser ensinado e aprendido em sala de aula.

    O tom geral das apreciações sobre o novo texto indica que melhoraram o detalhe e a precisão dos objetivos de aprendizagem. Desapareceu, ainda, muito da carga ideológica que enviesava as áreas de linguagem e de ciências humanas (sobretudo história).

    Na primeira, retornam como eixos organizadores gramática e literatura, ao lado de oralidade, leitura e escrita, ainda que sob o eufemismo "conhecimento sobre a língua e sobre a norma".

    Permanecem vagos, porém, critérios sobre graus de complexidade dos textos usados. Seria o caso de cogitar uma lista de obras classificadas em progressão de dificuldade, como fazem alguns países.

    No campo de história, as reações à segunda versão registram algum reequilíbrio entre temas pré-colombianos e africanos, de um lado, e o percurso ocidental desde a Antiguidade, de outro. Humanismo, liberalismo e iluminismo voltam à cena, como deve ser.

    Por outro lado, resta alguma imprecisão vocabular por corrigir, em especial quando denota um rebaixamento de demanda e padrões cognitivos, como no emprego reiterado dos verbos "reconhecer" e "identificar" isso ou aquilo.

    Ainda sobram reparos pontuais de especialistas no que respeita à progressão dos conteúdos nos vários campos de conhecimento.

    Enfim, há muito a aperfeiçoar na BNCC. O detalhamento promovido implicou também certo inchaço no compêndio. Sua versão atual conta com 652 páginas, o que decerto dificulta seu manuseamento por todos os atores do ensino.

    Nova rodada de seminários está prevista, e o prazo para entrega da versão final acaba de ser estendido até outubro, dado o caráter ainda imaturo do texto presente.

    O Brasil precisa com urgência de uma base firme para dar o salto sempre prometido e nunca iniciado na educação. Não deve precipitar-se na tarefa, contudo, sob risco de reincidir em tropeços.

    editoriais@uol.com.br

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