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    EDUARDO PAES

    Olimpíada deixará legado positivo para o Rio? SIM

    30/07/2016 02h03

    MORADOR SERÁ O VERDADEIRO CAMPEÃO

    Sempre que uma cidade se torna sede de evento mundial, pergunta-se: os benefícios para a população compensam os esforços? Às vésperas dos Jogos do Rio, a resposta é sim. A primeira Olimpíada sul-americana já deixa legado. Ou melhor, legados.

    O Rio de Janeiro aproveitou a oportunidade para tirar do papel antigos e novos projetos de infraestrutura, mobilidade e renovação urbana. A cada R$ 1 investido em instalações esportivas, outros R$ 5 foram em melhorias que impactam a vida dos moradores.

    A candidatura previa 17 projetos de legado. Fomos além: entregamos 27. Nos 2.500 dias entre o Rio de 2009 e o de 2016, os cariocas ganharam um centro revitalizado, sem o elevado de concreto que impedia o encontro da região com o mar; novos 200 km de BRT (Transporte Rápido por Ônibus), VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) e metrô; áreas de lazer, como o parque Madureira e o parque Radical de Deodoro, recuperando a periferia; obras de saneamento e urbanização da zona oeste; reservatórios para combater alagamentos históricos da zona norte.

    Ganharam ainda um moderno centro de tratamento de resíduos, que deu fim ao lixão de Gramacho, passivo ambiental à beira da baía de Guanabara. E por falar em baía, uma responsabilidade estadual, avançamos também: mesmo sem chegar à meta olímpica de tratar 80% do esgoto lançado ali, saltamos de 15% para mais de 50% de saneamento.

    O Rio não está perfeito, ainda são muitos os desafios. Os Jogos jamais seriam capazes de solucionar todos os problemas, mas certamente ajudaram a melhorar as condições de vida. Atraímos investimentos e transformamos velhas promessas em realidade.

    E para quem não percebe os avanços, talvez por desconhecer o Rio de anos atrás, basta conversar com um morador de Santa Cruz, no extremo oeste, que levava duas horas até o trabalho na Barra da Tijuca e, desde 2012, graças ao BRT Transoeste, reduziu o tempo pela metade e economizou, em quatro anos, o equivalente a cem dias.

    Pode ouvir também o relato de alguém da praça da Bandeira, cujo imóvel, antes dos piscinões, era invadido pela água da chuva, com prejuízo constante. Ou ainda pode procurar moradores de Deodoro, que agora têm saneamento na porta e não correm mais riscos com esgoto a céu aberto. Mais tempo livre, mais economia, mais saúde.

    A edição carioca da Olimpíada trouxe outros legados importantes que podem inspirar a organização de Jogos futuros: economia de recursos públicos e aproveitamento das instalações após o evento. Com PPPs (parcerias público-privadas) e concessões, o Rio transferiu para a iniciativa privada 80% dos custos com estádios e operação.

    A proporção nos Jogos de Londres foi inversa: 82% de recursos públicos. Com arenas simples, porém funcionais, conseguimos o feito inédito de reduzir em 35% as despesas previstas na candidatura. Apenas o Estádio Olímpico londrino custou o mesmo que a soma das 20 instalações de parques olímpicos da Barra e de Deodoro, o campo de golfe e a adaptação do Engenhão.

    Com soluções inovadoras para financiar os Jogos, a Prefeitura do Rio conseguiu concentrar recursos próprios na ampliação da rede de escolas e de unidades de saúde. Saíram dos cofres municipais R$ 732 milhões para estádios, isto é, cerca de 1% dos R$ 65 bilhões investidos em educação e saúde no período.

    A criatividade também foi usada para evitar que as arenas virassem "elefantes brancos". Com o conceito pioneiro de arquitetura nômade, estádios serão transformados em escolas e ginásios em áreas mais pobres.

    Jogos organizados de maneira responsável, no prazo, no custo e com muitas entregas para a população -esses são os legados que o Rio 2016 deixa para os cariocas, o Brasil, a América do Sul e a comunidade olímpica.

    EDUARDO PAES é prefeito do Rio de Janeiro (PMDB). Foi vereador (1997-1999) e deputado federal (1999-2007)

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