• Opinião

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    editorial

    Diversidade em alta

    13/08/2016 01h00

    Foi bastante controversa a sessão da segunda turma do Supremo Tribunal Federal, na qual se decidiu absolver o deputado federal Celso Russomanno (PRB-SP) da acusação de ter utilizado dinheiro público para remunerar uma funcionária de sua produtora de vídeo.

    Por 3 votos a 2, considerou-se que o crime, que seria de peculato, não se caracterizou: a funcionária não teria feito mais do que acumular duas tarefas, a de assessora parlamentar e a de funcionária na empresa particular do deputado.

    Do ponto de vista ético, as ambiguidades do caso talvez não tenham sido resolvidas, mas dificilmente chegarão a abalar o favoritismo de que Russomanno ora desfruta, segundo pesquisa Datafolha.

    Com 25% das preferências para a Prefeitura de São Paulo, o deputado do PRB agora vê sua candidatura livre dos entraves estabelecidos pela Lei da Ficha Limpa.

    Tem nove pontos de vantagem contra Marta Suplicy (PMDB) e está bem à frente de Luiza Erundina (PSOL, 10%), Fernando Haddad (PT, 8%) e João Doria Jr (PSDB, 6%).

    A mera menção dos principais concorrentes dá ideia do largo espectro de opções políticas e ideológicas na disputa. Não se repete na eleição municipal o quadro de relativo vazio e perplexidade que marca as especulações sobre possíveis candidatos ao Planalto.

    É como se à crise de credibilidade verificada no plano federal correspondesse, em São Paulo, uma fragmentação maior das candidaturas viáveis, com nomes que vão desde o campo da esquerda que se manteve poupado da desmoralização petista até figuras identificadas com o ideário conservador.

    Por outro recorte, Russomanno, ligado a correntes evangélicas, obtém apoio nas faixas de menor renda e escolaridade, enquanto João Doria Jr. e Marta Suplicy, com diferentes origens ideológicas, disputam nas classes média e alta o espírito antipetista que mobilizou expressiva parcela dos paulistanos.

    A diversidade das candidaturas, às quais se acrescenta a do prefeito Fernando Haddad, é um fator positivo. Se a experiência demonstra que mesmo identidades claramente marcadas tendem a dissolver-se rumo ao centro durante a campanha, há motivos para esperar algo distinto neste ano.

    Sem marqueteiros de peso, é de imaginar que as diferenças entre os candidatos se mantenham, traduzindo-se em propostas concretas, num debate menos artificial do que tem sido o costume.

    Autorizado a disputar a Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno —como os demais postulantes— terá flancos e fragilidades a serem examinados nos próximos meses; a campanha promete ser mais emocionante do que de hábito.

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