• Opinião

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    Ban Ki-moon

    Um chamado para apoiar os jovens

    14/08/2016 02h00

    Antes mesmo dos primeiros recordes, a Olimpíada deste ano entrou para a história ao dar aos atletas sem país um lugar na linha de largada. Tive o privilégio de encontrar no Rio os integrantes da primeira equipe olímpica de refugiados.

    A força deles em sobreviver ao horror do deslocamento e à dor da perda é impressionante. Embora nada possa mudar o passado, esses atletas mostram que até as adversidades mais impossíveis podem ser superadas. Ganhando ou não a chance de subir ao pódio, eles já são vencedores.

    Vi nesses jovens refugiados a paixão que milhões de jovens possuem em todo o mundo. As Nações Unidas estão comprometidas em trabalhar para eles e com eles. Pela primeira vez indiquei um enviado especial para a juventude, Ahmad Alhendawi. Estamos trabalhando para que tenham acesso à educação, à saúde, ao trabalho.

    Todos os anos, o Fórum da Juventude do Conselho Econômico e Social da ONU reúne representantes de governos e jovens ativistas para discutir assuntos globais. A ONU tem apoiado cada vez mais organizações dirigidas por jovens e para jovens que batalham para a promoção da paz e do desenvolvimento.

    O Dia Internacional da Juventude, celebrado em 12 de agosto, deve ser encarado como um marco para um comprometimento real.

    Uma grande injustiça que tenho tentado corrigir é a exclusão dos jovens nas questões de segurança. Se eles são considerados bons o bastante para morrer na guerra, também deveriam ter lugar para discutir com líderes que negociam a paz. Em dezembro, o Conselho de Segurança da ONU finalmente reconheceu isso quando adotou a Resolução 2.250.

    Para avaliar os progressos dessa medida sem precedentes, anunciei a criação de um novo grupo consultivo, diverso e internacional, com o benefício extra de incluir pessoas que viveram de perto o assunto em discussão. Quase metade dos membros é jovem: um perdeu o pai na guerra, outro sobreviveu a um ferimento de bala, outros são refugiados. Espero que a experiência de todos contribua para muitos avanços.

    Os jovens têm habilidade e energia, mas ainda carecem de oportunidades de trabalho descente. Em todo o mundo, mais de 70 milhões estão desempregados. Para ajudar nesse desafio, nomeei um enviado especial para o trabalho jovem, o ex-chanceler da Áustria Werner Faymann. Ele trabalhará em parceria com o enviado especial para a juventude e especialistas da ONU no assunto, como a Organização Internacional do Trabalho.

    Para nós, os jovens podem fazer mais do que preencher vagas de trabalho -eles podem criá-las. E ainda ajudarão a consolidar a visão da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, nosso plano global para as pessoas, o planeta e a prosperidade.

    Neste ano, pela primeira vez as Nações Unidas nomearão jovens líderes para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) -17 indivíduos extraordinários, que serão escolhidos a partir de mais de 18 mil indicações.

    Traremos os selecionados para a sede da ONU em setembro. Queremos ouvir as ideias deles para nosso futuro.

    Os passos podem parecer pequenos, mas possuem um grande significado. Os jovens precisam ser cidadãos globais, que levantam suas vozes e mudam nosso mundo. Avançar no progresso é somar.

    Quando nós apoiamos constantemente os jovens do mundo, eles podem criar um futuro mais seguro, justo e sustentável para as gerações que estão por vir.

    BAN KI-MOON, 71, é secretário-geral da ONU - Organização das Nações Unidas. Foi diplomata e ministro das Relações Exteriores e do Comércio da Coreia do Sul

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