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    editorial

    Planeta vizinho

    26/08/2016 02h00

    A exploração do espaço sideral por seres humanos, a partir dos anos 1950, foi propelida por três combustíveis poderosos: imaginação, ciência e engenharia. Não há limites pré-fixados para os desejos, cálculos e artefatos capazes de levar o homem muito além de seu acanhado planeta.

    O obstáculo maior do cosmo são as distâncias, virtualmente intransponíveis para a escala humana. Não se deve perder tal fato de vista nem mesmo diante de descoberta tão espetacular quanto a do planeta Proxima b, anunciada quarta-feira (24), em órbita de uma das estrelas menos apartadas da Terra, Proxima Centauri.

    A estreita vizinhança, em termos astronômicos, não constitui a única qualidade marcante do corpo celeste, detectado por meio de oscilações gravitacionais que sua massa provoca na estrela. Dados preliminares sugerem que Proxima b seja 30% maior que a Terra, dimensão que torna provável tratar-se de um planeta rochoso, não um portento de gás como Júpiter.

    Seu período orbital em torno de Proxima Centauri, estrela anã vermelha com 15% do diâmetro do Sol, foi estimado em 11,2 dias. Essa condição indica que Proxima b transita na chamada zona habitável, em que a quantidade de radiação estelar incidente é compatível com água em estado líquido.

    Pelas contas do grupo descobridor, capitaneado por Guillem Anglada-Escudé, da Queen Mary University em Londres, o planeta recebe 70% da energia que o Sol verte sobre a Terra. Sua temperatura deve ficar entre 30°C e -30°C.

    Tudo somado e ponderado, o astro ganhou escore de 0,87 no Índice de Similaridade com a Terra, cujo máximo é 1. Com isso, conquistou o pódio entre os mais de 3.000 planetas extrassolares já localizados.

    Seria um candidato perfeito para a primeira visita de humanos em busca de sinais de vida fora do Sistema Solar, não fosse a lonjura: mesmo viajando à velocidade da luz, o trajeto consumiria 4,2 anos. Com as tecnologias atuais, a viagem demoraria 74 mil anos.

    Cientistas e engenheiros, contudo, não se acanham. Já cogitam uma sonda não tripulada, com sua grande vela impelida desde a Terra por canhões de raios laser, em missão que duraria 20 anos para chegar e investigar Proxima b.

    É o que resta sonhar, ainda que em mira esteja só o vizinho mais chegado de nossa própria galáxia, entre as inúmeras que povoam o Universo. Mesmo inatingíveis para seres humanos, nenhuma delas está fora do alcance das teorias e aparelhos que puderem inventar para expandir seu conhecimento.

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