• Opinião

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    JOSÉ OLYMPIO DA VEIGA PEREIRA

    A Pinacoteca e o Estado

    05/09/2016 02h00

    A Pinacoteca de São Paulo inaugurou no final de agosto a Galeria Roger Wright, que abriga grande parte da coleção de arte do homenageado, cedida ao Estado de São Paulo por sua família em regime de comodato. Iniciativas assim fazem da Pina o museu de referência em arte brasileira, com obras fundamentais da produção artística nacional do período colonial até os dias de hoje.

    Essa recente parceria se une a outras contribuições da sociedade civil para o acervo da instituição que, ao longo de 110 anos, espelha o apreço que os brasileiros têm pelo museu. A doação da Coleção Brasiliana pela Fundação Estudar e o comodato com a Fundação Nemirovsky são alguns outros exemplos recentes.

    Somadas à iniciativa pioneira do grupo de Patronos, que financia a compra de obras contemporâneas por meio de doações sem incentivo fiscal, essas contribuições permitem que a Pinacoteca apresente ao público um amplo panorama da arte produzida no Brasil.

    A Pinacoteca atual, viva e dinâmica, é resultado da bem-sucedida parceria entre o governo do Estado de São Paulo e a sociedade civil. Desde 2006, uma Organização Social (OS), a Associação Pinacoteca Arte e Cultura, faz a gestão direta do museu, de forma profissional e dedicada, para implementar as políticas culturais propostas pelo governo do Estado, que, desde 1905, trabalha para formar e ampliar o acervo da Pina.

    Esse modelo trouxe para a gestão do museu, além da profissionalização da equipe, maior transparência na utilização dos recursos, melhoria no serviço prestado à população, intensificação e dinamismo na programação e nas atividades e a ampliação dos recursos investidos com a captação de verbas junto a empresas, instituições e pessoas físicas.

    A parceria com uma entidade privada sem fins lucrativos se dá por meio de uma convocação pública para o gerenciamento do equipamento cultural, permitindo que OSs qualificadas pelo Estado para este fim possam apresentar propostas baseadas nas diretrizes da política pública estabelecida no termo de referência da convocação.

    Embora a diretoria executiva seja contratada e remunerada pela OS, os conselheiros não recebem remuneração e contribuem com seu tempo e competência voluntariamente. Juntos, trabalham para o cumprimento das metas trimestrais acordadas com o Estado, sempre pautados pelas boas práticas de governança e respaldados por auditorias independentes.

    Ao longo de 2015, passaram pelos edifícios da Pinacoteca (Pina Luz e Pina Estação) mais de 570 mil visitantes. Desses, 90 mil estudantes de escolas públicas e privadas atendidos pelo serviço educativo e atraídos pela diversidade da nossa programação, que além da rica coleção de arte brasileira tem apresentado exposições marcantes de artistas daqui e de grandes nomes da história da arte ocidental.

    Temos, assim, um bem-sucedido modelo de parceria público-privada em que o Estado e a sociedade civil se unem para administrar e expandir uma das mais importantes instituições culturais do país. Preservar e aprimorar a experiência da Pinacoteca é colaborar para ampliar o acesso à arte e promover o desenvolvimento cultural da nossa sociedade.

    JOSÉ OLYMPIO DA VEIGA PEREIRA, 54, é presidente do Conselho de Administração da Associação Pinacoteca Arte e Cultura e participa de conselhos de vários outros museus no Brasil e no exterior. É CEO do Credit Suisse no Brasil

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