• Opinião

    Thursday, 02-May-2024 17:03:05 -03

    Ilona Szabó de Carvalho, Ivan Marques e Eduardo Pazinato

    Por cidades mais seguras

    08/09/2016 02h00

    No país que possui 32 das 50 cidades mais violentas do mundo, é inadmissível que a segurança pública não seja pensada de maneira a engajar os diferentes entes federados e os diversos segmentos sociais na construção de uma sociedade mais segura.

    Diante desse cenário de violência endêmica no Brasil, não é mais possível que os candidatos às eleições municipais se isentem do debate sobre o papel do município na segurança pública.

    O mundo está repleto de bons exemplos acerca do protagonismo das cidades na prevenção da violência e na promoção de comunidades mais seguras, como demonstram as experiências bem-sucedidas de Medellín (Colômbia), Toronto (Canadá) e Nova York (EUA).

    O enfrentamento à violência vai muito além da atividade policial e do encarceramento. Embora Estados e União tenham competências fundamentais para a redução da violência no país, o município é o ente federado que possui mais capacidade de implementar políticas preventivas eficazes.

    As cidades possuem grande capacidade de identificar e entender as dinâmicas relacionadas ao fenômeno da violência. Com isso, podem promover ações focalizadas para fortalecer os fatores de proteção e redução de risco de grupos populacionais e áreas geográficas.

    Nesse contexto, nossas organizações, que combinam décadas de atuação na área da segurança pública, lançam a Agenda Municipal de Segurança Cidadã. O documento rompe com uma compreensão repressiva e simplista e apresenta quatro eixos de ações prioritárias.

    A liderança direta do prefeito na coordenação das ações e a criação de uma estrutura de governança da agenda integrada ao seu gabinete são o primeiro ponto destacado. Também advogamos pela produção de dados para diagnóstico, monitoramento e avaliação das políticas.

    O terceiro eixo enfatiza a promoção de políticas focalizadas, incluindo ações específicas voltadas para a população negra, adolescentes, mulheres e usuários problemáticos de álcool e outras drogas, além da regulação e manutenção do espaço urbano e a promoção da resolução não violenta de conflitos.

    Por último, destaca-se como prioritária a orientação das ações da Guarda Municipal para a mediação de conflitos e resolução de problemas. O documento também reforça a necessidade de que a implementação da Agenda Municipal de Segurança Cidadã dialogue e complemente as ações dos demais níveis de governo, incorporando a participação de amplos segmentos da sociedade civil.

    As autoridades municipais precisam se fortalecer como protagonistas na prevenção da violência, investindo em estratégias de eficácia comprovada, baseadas em evidências, a partir de um diagnóstico acurado.

    A demanda social por cidades mais seguras exige políticas municipais inovadoras, que fortaleçam uma abordagem preventiva eficaz, privilegiando dinâmicas sociais mais inclusivas, sustentáveis e humanas.

    No país em que ocorrerem quase 60 mil mortes violentas por ano, contar com o engajamento de gestores locais é uma questão de vida ou morte, literalmente.

    ILONA SZABÓ DE CARVALHO, mestre em estudos de conflito e paz pela Universidade de Uppsala (Suécia), é diretora-executiva do Instituto Igarapé, especializado em segurança e desenvolvimento

    IVAN MARQUES, mestre em relações internacionais pela Unicamp, é diretor-executivo do Instituto Sou da Paz

    EDUARDO PAZINATO, advogado, é diretor de projetos estratégicos do Instituto Fidedigna

    PARTICIPAÇÃO

    Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br.

    PARTICIPAÇÃO

    Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024