• Opinião

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    editorial

    USP fora do topo

    20/09/2016 02h00

    Pela primeira vez em cinco anos a Universidade de São Paulo não figura no ápice do Ranking Universitário Folha (RUF). O posto de liderança foi assumido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

    Merece cumprimentos a UFRJ, que já havia ultrapassado a congênere de Minas Gerais (UFMG) na edição anterior do RUF.

    Tudo indica que a instituição fluminense soube capitalizar os recursos do pré-sal para financiar ascensão sólida na qualidade. Pela metodologia do levantamento, avaliam-se cinco quesitos: ensino, pesquisa, mercado de trabalho, inovação e internacionalização.

    A vantagem da UFRJ sobre a USP, no entanto, é diminuta: 0,43 ponto entre 100 possíveis. A inversão de colocações tem mais impacto simbólico do que acadêmico: a universidade paulista, apesar do escore excelente (97,03), já não ocupa posição de liderança inconteste.

    E isso decorre, paradoxalmente, de colocar-se acima e à parte das demais universidades brasileiras.

    A perda da primazia neste RUF veio porque a USP se recusa a participar do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade).

    O conceito obtido por alunos de graduação nessa prova federal conta somente dois pontos entre os 32 da rubrica "ensino" no RUF; ou seja, bastaria uma nota mediana para a instituição paulista retomar o primeiro posto.

    A USP, contudo, não se move. Chegou a ensaiar uma adesão provisória, parcial e condicional ao Enade, mas voltou a empacar. O reitor Marco Antonio Zago considera a prova controversa e entende que a universidade que dirige não perde nada por não participar.

    A resistência maior ao exame parte do movimento estudantil, refratário a qualquer tipo de comparação dita "de mercado". Conta com a conivência –por complacência ou oportunismo ideológico— da comunidade docente, que entretanto aceita, há décadas, a avaliação externa de seus programas de pós-graduação.

    Nas classificações internacionais, em que pesam mais a produção científica e a reputação, a ampla tradição da USP ainda lhe garante posição à frente de outras universidades nacionais.

    Essa condição, entretanto, não dura para sempre —sobretudo para uma instituição que ainda está por colher os frutos amargos da necessária reforma administrativa e financeira que mal iniciou.

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