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    editorial

    Baixa próxima

    26/09/2016 02h00

    O Banco Central emite sinais de que se prepara para enfim iniciar o necessário ciclo de redução da taxa de juros, parada em altíssimos 14,25% desde agosto de 2015.

    As condições se acumulam: cede a inflação e aumenta a confiança na capacidade do governo de aprovar no Congresso as medidas de controle de gastos -iniciativa essencial para conter o risco de crescimento explosivo da dívida pública.

    Indicadores recentes de inflação ficaram abaixo do esperado. Em 12 meses, a alta acumulada é de 8,78%; este ano deve encerrar-se com o índice em torno de 7% -ainda bastante acima do centro da meta do BC (4,5%), mas se projeta para 2017 trajetória cadente.

    O preço dos alimentos, por exemplo, que vinha sendo pressionado por efeitos climáticos, já diminui. A estabilização da cotação do real em nível menos desvalorizado que meses atrás barateia produtos importados, o que dificulta aumentos dos nacionais.

    Acima desses aspectos, por fim, há a recessão. Com alta do desemprego e queda de reajustes salariais, o setor de serviços, em geral o mais resistente, também começa a reduzir correções de preços.
    No ano passado, perderam-se 1,5 milhão de vagas formais, e o desemprego já aflige quase 12 milhões de pessoas. Não surpreende que a massa salarial esteja em baixa e que os dissídios tenham dificuldade de acompanhar a inflação.

    Quase a metade das negociações coletivas neste ano não repuseram o INPC (outro índice que mede o custo de vida nas famílias com renda de até cinco salários mínimos).

    Quanto ao ajuste das contas públicas, o governo espera aprovar ainda neste ano a proposta que fixa um teto para a expansão dos gastos -o comportamento dos congressistas diante dessa medida, porém, ainda é uma incógnita.

    Pelo cronograma atual, a primeira votação ocorrerá em outubro, talvez antes da próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). Seja como for, existem condições para um ciclo de cortes da taxa básica de juros, a Selic. O mais importante é que ela caia bem abaixo de 10%, de forma sustentável.

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