• Opinião

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    editorial

    Confronto final

    21/10/2016 02h00

    Depois de uma queda acelerada nas pesquisas, que se seguiu à divulgação de vídeos em que fez afirmações ainda mais comprometedoras do que as habituais, Donald Trump tentou, na noite de quarta (19), recuperar a esperança de ser eleito presidente dos EUA.

    No terceiro e último duelo televisivo contra a rival Hillary Clinton, o republicano conseguiu sair-se um pouco melhor do que nos confrontos anteriores.

    Na realidade, o debate final transcorreu de maneira menos vulgar e derrisória —registrou-se ao menos discussão em nível razoável de temas clássicos que separam republicanos e democratas, como aborto e comércio de armas.

    Não faltaram, porém, os usuais deslizes e erros dos dois lados.

    Trump permanece longe de desfazer a impressão de que não passa de um embuste midiático. Insiste em afirmar que as denúncias sobre suas atitudes abusivas em relação às mulheres são fruto de uma maquinação contra sua candidatura.

    Ademais, põe sob suspeita a própria eleição. Chegou à temeridade de sugerir no debate que pode não reconhecer como legítima uma eventual —e a esta altura provável— derrota. Trata-se de equívoco grosseiro num país que preza as regras e que costuma orgulhar-se de seu sistema democrático.

    Hillary, embora mais bem preparada e experiente, pouco faz para atrair o interesse do eleitor ainda não convertido, mantendo seu discurso no campo previsível do bom-mocismo politicamente correto.

    Tampouco logra disfarçar seu embaraço ao comentar as doações suspeitas à fundação que mantém com seu marido, Bill Clinton, e ao tentar explicar por que usou servidores privados para tratar de assuntos de interesse nacional quando ocupou o posto de secretária de Estado, de 2009 a 2013.

    A menos de três semanas do dia D, o pleito vai assumindo perfil histórico. Já bastariam para distinguir a campanha a emergência de uma candidatura sem tradição política, questionada por setores do próprio Partido Republicano, e a presença, no lado democrata, de uma mulher com chances reais de ser a primeira a comandar a nação.

    Mas é também uma eleição marcada, em maior ou menor grau, por um renitente ceticismo em relação aos dois candidatos —que, a bem da verdade, conseguem entusiasmar somente uma parcela minoritária da população.

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