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    editorial

    Rótulos malnutridos

    03/11/2016 02h00

    Consultar os rótulos de alimentos é um hábito saudável que não se disseminou pelo Brasil. Por desinteresse ou dificuldade de entendê-los, a maioria dos consumidores guia-se às cegas nas compras.

    Segundo pesquisa do Datafolha, 48% dos brasileiros não leem informações sobre ingredientes e tabela nutricional disponibilizadas nas embalagens. Dos 52% que buscam alguma orientação, dois terços (35% do total) não entendem bem os dados referentes aos produtos.

    O levantamento foi encomendado pela Aliança de Controle do Tabagismo (ACT), organização que atua na promoção da saúde.

    As letras muito miúdas (61%) e o excesso de termos técnicos e números (51%) nos textos são apontados como os principais estorvos para decifrar os rótulos.

    Em vista disso, ganharam impulso iniciativas com vistas a tornar os dados mais digeríveis pelo consumidor. Grupos formados por mães de crianças alérgicas e nutricionistas, por exemplo, contribuíram para algumas conquistas.

    Neste ano, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determinou que produtores de alimentos e bebidas incluam no rótulo de suas mercadorias aviso explícito sobre a presença de substâncias que podem provocam alergias, citando os elementos por seus nomes mais conhecidos.

    Até então, as mensagens acerca de alérgenos primavam pelo hermetismo —lia-se, por exemplo, "caseinato de sódio" (proteína láctea) ou "soro albuminado" (ovo).

    A Anvisa estuda, ainda, formas de dar mais visibilidade aos teores de açúcar, sódio e gorduras dos alimentos. Consumidos em excesso, podem ampliar os riscos de doenças cardiovasculares, a principal causa de morte no Brasil —elas respondem por 30% dos óbitos.

    Medidas como aumentar o tamanho das letras dos rótulos e dar-lhes maior nitidez tipográfica facilitariam a leitura —sobretudo por parte de homens com mais de 55 anos, que são mais propensos a ter deficiências de visão e estão entre as principais vítimas das enfermidades cardiovasculares.

    Outra ação benéfica seria adotar modelos práticos para comparar o valor nutricional dos alimentos, sem exigir que o consumidor elabore regra de três para o cotejamento. Isso facilitaria a escolha de produtos adequados a cada um.

    Prover informações claras e precisas acerca dos alimentos responde a um direito básico do cidadão e pode representar um passo importante na luta contra doenças associadas à má alimentação.

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