• Opinião

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    Shinichi Kitaoka

    Construindo projetos e pessoas

    07/02/2017 02h00

    Gostaria de começar contando uma história pessoal. Minha relação com o Brasil teve início na década de 1970, quando Edmundo Fujita e Masato Ninomiya foram enviados à Faculdade de Direito da Universidade de Tóquio como bolsistas do governo brasileiro.

    Cursando o doutorado na época, fui o tutor de língua japonesa deles e passamos a juventude juntos. De volta a seu país, os dois trilharam uma carreira respeitável, sendo motivo de grande orgulho para mim: o Fujita tornou-se o primeiro diplomata nikkei do governo brasileiro, e Ninomiya, uma figura proeminente da comunidade jurídica.

    Por essa razão, foi com profundo pesar que recebi a notícia da súbita morte do embaixador Fujita no ano passado. Não tenho dúvidas de que o desejo de prestar condolências foi o que me trouxe agora ao Brasil.
    Em 2015 celebramos os 120 anos de relações diplomáticas entre Japão e Brasil, período sempre marcado pelo respeito mútuo.

    O fundamento disso é o intenso fluxo de pessoas entre os dois países, o que remonta aos primeiros 781 imigrantes japoneses que desembarcaram no porto de Santos em 1908, vindos no navio Kasato-Maru.
    Embora tenha havido uma interrupção durante um período em função da Segunda Guerra Mundial, até hoje o intercâmbio de recursos humanos entre as duas nações continua de diversas formas.

    Em 2014, houve a visita do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, ao Brasil e, em 2016, a visita do presidente Michel Temer ao Japão, fazendo com que o intercâmbio se tornasse ainda mais próximo em diversos aspectos.

    Há cerca de 60 anos, desde que começou a Assistência Oficial para o Desenvolvimento (ODA) ao Brasil, o Japão vem realizando programas de cooperação, os chamados "projetos nacionais". Um exemplo foi o desenvolvimento agrícola dos cerrados, que transformou uma vasta região do interior brasileiro em um dos principais celeiros do mundo.

    Dentro desse contexto, a Jica (Agência de Cooperação Internacional do Japão) vem contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil nos projetos "construção de nações" e "construção de pessoas". No setor de infraestrutura, um dos alicerces do país, temos oferecido assistência por longos anos ao desenvolvimento de sistemas de água e esgoto de grandes metrópoles como São Paulo.

    Sob a perspectiva do projeto "construção de pessoas", nosso pilar é a transferência de tecnologia por meio do intercâmbio de recursos humanos, seja em programas de treinamento em que técnicos brasileiros são convidados a ir ao Japão, seja em programas em que especialistas japoneses são enviados ao Brasil para dar orientações técnicas.

    Esta é minha primeira visita ao Brasil desde que assumi a presidência da Jica, em outubro de 2015, e pretendo me encontrar também com o doutor Masato Ninomiya.

    Respeitado profissional da comunidade jurídica de São Paulo, ele é uma importante ponte entre Brasil e Japão. Aproveitando esta oportunidade, quero trocar informações com as variadas pessoas que atuam pelo desenvolvimento deste país.

    Ao obter essas valiosas opiniões, pretendo ter ideias para melhorar as relações das pessoas, para que possamos contribuir para o desenvolvimento do país.

    SHINICHI KITAOKA, doutor em direito pela Universidade de Tóquio, é presidente da Jica (Agência de Cooperação Internacional do Japão)

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